No dia 20 de julho de 1977, a Paraíba recebeu a notícia da morte do senador Ruy Carneiro.
Ele estava doente.
Desde o início do mês os paraibanos acompanhavam, apreensivos, as notícias sobre o seu estado de saúde. O velho senador, aquele que jamais fora derrotado nas eleições para o Senado, o homem que recebia os conterrâneos que o visitavam exibindo na porta do gabinete o letreiro “Senador Ruy Carneiro, o escravo branco dos paraibanos”, finalmente descansara. Uma diverticulite o matou no dia 20, no mesmo dia 20 foi velado no Senado e no dia 21 o corpo foi embarcado para João Pessoa.
Do Aeroporto Castro Pinto até o Palácio da Redenção, passando por Oitizeiro, Cruz das Armas e Jaguaribe, o que se via eram milhares de pessoas postadas nas calçadas, chorando e acenando para o líder morto.
Eu, Antonio David, Josinaldo Malaquias e Ortilo Antonio fomos encarregados pelo chefe de reportagem, Frutuoso, da cobertura do enterro.
Nunca vi tanta gente chorando ao mesmo tempo. O deputado Ruy Gouveia pendurou-se no caminhão do Corpo de Bombeiros e chorou copiosamente durante todo o trajeto, que saiu do Palácio, circundou a Praça João Pessoa, seguiu pela 1817, desembocou na Visconde de Pelotas, contornou o Colégio Pio XII, ganhou a General Osório e seguiu em frente, entrando pela Casa da Vovozinha, descendo a ladeira do Cordão Encarnado e finalmente chegando no Senhor da Boa Sentença, onde se deu o enterro.
Figuras de Brasília representaram o Congresso Nacional. Foram anotadas as presenças de Petronio Portela e Leite Chaves; o presidente Geisel foi representado pelo governador Ivan Bichara Sobreira. Também acompanharam o enterro Marcondes Gadelha, João Agripino, Ernany Sátyro e Pedro Gondim.
Durante o trajeto até o cemitério, as pessoas cantavam a canção Maringá, composta por Joubert de Carvalho em 1931, a pedido do próprio Ruy.
Os jornalistas abordaram as autoridades, pedindo depoimentos sobre o morto. Eis algumas das declarações:
Ernany Sátiro: “Ruy Carneiro foi o maior fenômeno eleitoral que a história da Paraíba registrou desde a época da redemocratização”.
João Agripino: “Poucos homens puderam igualá-lo em bondade e vocação para o serviço público”.
Pedro Gondim: “Ruy simbolizava a imperecível força da bondade em contraposição ao poder eventual da força”.
No Senado foi substituído por Ivandro Cunha Lima.