1 – Hoje seria o sábado de Zé Pereira, o início do carnaval. Em 30 os soldados que combatiam em Princesa confundiram o sábado de Zé Pereira com o Zé Pereira que os enfrentava e o chamavam de “Zé Carnaval”. Zé nem ligava. Mandava seus cabras encherem o rabo dos “macacos” de bala e cada lado cantava sua musiquinha carnavalesca.
2 – Era dia de festa em São José de Caiana. Aniversário da cidade, mil inaugurações, banda de música contratada nos Patos de Major Miguel para animar a festança, tudo sob a organização do prefeito Chico de Dezinho. Até a Rádio Tabajara estava presente, transmitindo as festividades ao vivo e a cores.
O locutor designado para a cobertura foi Geraldo Cavalcanti, que, todo empolgado, descrevia os acontecimentos, quando viu o desfile se aproximando, com o prefeito à frente, vestido a rigor, de paletó, gravata e sandália japonesa.
Alcançando o prefeito, Geraldo festejou:
– Que festa monumental, ouvintes da Tabajara! E nós estamos aqui com o maior prefeito do nosso interior. Prefeito, uma perguntinha para os nossos ouvintes da Tabajara: Além de administrar tão bem, do que o senhor mais gosta?”
– De farofa e cu -, respondeu o prefeito, de supetão.
Embasbacado com a confissão, o locutor tentou emendar:
– Mas prefeito, pelo amor de Deus, não fale nisso não porque estamos em cadeia para todo o Estado. Diga alguma coisa pra tapear.
E o prefeito, pondo um ponto final na conversa:
– Bem, meu amigo, pra tapear eu disse que gostava de farofa, mas eu gosto mesmo é de cu.”
3 – O baile de Zé Pereira terminava com o domingo nascendo, e a turma emendava. A orquestra entoava Vassourinhas e as ruas se enchiam de gente, de talco e de muita água. Era o entrudo.
4 – Campanha para senador, década de 70. Do lado do MDB, os dois maiores caciques da época: Humberto Lucena e Argemiro de Figueiredo. João Agripino, governador da Arena, estava sem candidatos.
Reunião em Palácio com as lideranças para discutir o assunto. Todo mundo abestalhado, sem saber o que fazer. João, matreiro, aproveitou a indecisão e puxou um nome do bolso. Um nome desconhecido de todos. E perguntou:
– O que acham de Domício Gondim?
Todos se entreolharam sem saber o que dizer. E João, espiando para o fundo da sala, viu o deputado Chico Pereira dormindo a sono solto. Imediatamente o chamou em voz alta:
– Seu Chico!
– Annnn? – se espantou o veterano deputado.
-O que acha de Domício Gondim?
– Lá em Pombal é só no que se fala -, devolveu o deputado, terminando de acordar.
5 – Lá no meu interior, Princesa Isabel, a grande atração do domingo de carnaval eram os caretas cuias. Apareciam os caretas valentes, com chocalhos pendurados na cintura e relhos que pipocavam no ar, amedrontando as crianças. Mas desfilavam também os príncipes previamente preparados pelo artista plástico Antonio Eugênio.
6 – Luiz de Vera fez uma viagem de negócio a João Pessoa e, depois do negócio, foi fazer outro negócio no cabaré da Maciel Pinheiro. E o resultado do segundo negócio foi uma bruta gonorréia, com a qual retornou para casa, em Santa Cruz da Baixa Verde.
Passou a tratar da dita cuja às escondidas, passando remédio com uma lã de algodão na cabeça da “enxerida”.
Mas como nada escondido permanece por muito tempo, certa manhã Luiz se trancou no banheiro para fazer o curativo e esqueceu de passar a tranca na porta. A mulher, de supetão, abriu a porta e flagrou Luiz passando a lã de algodão na cabeça dolorida e chamuscada.
– Que diabo é isso, Luiz?! -, escandalizou a mulher.
E ele, amarelo:
– Veja como a natureza é interessante: mandou nascer um treissol logo aqui”.
7 – À noite, o baile acontecia no Clube Recreativo Princesense. Manoel Marrocos comandava a orquestra e no salão rapazes e moças, vestidos de Pierrôs e Colombinas, desfilavam ao som de Jardineira e Máscara Negra.
8 – O ex-deputado Otacílio Queiroz foi fazer um comício em Cacimba de Areia e carregou consigo uma comitiva toda especial. A exemplo dele, que puxava de uma perna, integravam a caravana “Ciço Coxo”, que também puxava de uma perna;Zé Biu, que para andar se valia de um par de muletas e Euclides Gouveia com o braço engessado por causa de um acidente.
Quando desembarcaram em Cacimba de Areia e se dirigiam ao palanque, caminhando, foram parados por uma senhora, que, alarmada e curiosa, interpelou o doutor Otacilio:
– Meu senhor, onde se deu essa virada?
9 – A cidade se dividia nas alas dos Pereira e dos Diniz. Se no Clube Recreativo acontecia o baile dos Diniz, no Princesa Clube, da Rua Nova, se realizava o Baile dos Pereira. E o frevo invadia a cidade até o amanhecer da segunda-feira.
10 – Dois vereadores de Bayeux discutiam no plenário da Câmara, um analfabeto, outro mais letrado. O analfabeto, partindo para a ofensiva, atacou:
– Quero dizer que Vossa Excelência é um “descalcificado”.
O outro, assumindo um tom doutoral, zombou:
– Veja como Vossa Excelência é burro. O nome certo é desclassificado.
O vereador analfabeto retrucou:
– Não errei não. Vossa Excelência é “descalcificado” mesmo, pois é corno há bastante tempo e o chifre ainda não nasceu”.
11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Lurdes Vitalino, Belle Virgulino, Edivaldo Antas, Wescley Leandro, Carlos Aldi, Monay Ionara, Maria Jean Ismael, Fernando Heraldo, Marcelo Nunes, Marta Rodrigues Hellida Diniz, Fátima Arruda, Odon Teixeira, Alexandre Vasco, Maria Alcentra, Ducarmo Rabelo, Jonatas Oliveira, Josélia Lima, Madalena Frazão e Maria de Lourdes de Melo Venceslau.
12 – Chico Euclides era o orador oficial dos enterros em Uirauna. E fazia discursos em versos. Nem mesmo no enterro de Oncina, sua terceira mulher, dispensou a tribuna defuntária. Ele lhe deu seu último adeus dessa forma:
Oncina, estás cumprindo a tua sina
E eu fico aqui
Brincando com as meninas.”
Danado foi no enterro de Chico Fontes, chefe político local, que morreu numa virada de carro. Euclides, dentro do cemitério, diante do corpo, da família e da plateia, declamou emocionado:
Chico Fontes, tu morreste naquela estrada
Que liga Pau dos Ferros a Itau
E agora no cemitério
Vais tomar terra no cu”.