Entrevistado na rádio BandNews FM Manaíra, ontem, 29, o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) manteve o mistério sobre seu futuro partidário, já que tem sido visto frequentemente ao lado de lideranças petistas enquanto enfrenta um mal estar com dirigentes de seu partido.
“Eu tenho uma definição e entendo que o Brasil não pode continuar sob a égide fascista e de incompetência que está desde a posse de Jair Bolsonaro. Precisamos de outro futuro que identifico na candidatura do ex-presidente Lula, que é respeitado internacionalmente e tem uma prática administrativa de inclusão social. Vou construir minha candidatura ao Senado e será ao lado dele. A camisa que vou vestir será essa da oposição a Bolsonaro. Não tem qualquer decisão ainda sobre o partido. Minha discussão agora é fortalecer a alternativa democrática e popular. O resto eu vou saber depois dos diálogos que tenho tido, que são muitos. A camisa partidária nós estamos analisando como ela se configura”, disse o socialista.
Na terça-feira, 27, Ricardo Coutinho publicou uma foto ao lado da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Reacendeu as especulações de que estaria mudando de partido. Além disso, setores da imprensa noticiaram que a viagem feita a São Paulo teria sido autorizada pela Justiça para que o socialista consultasse um oncologista, Luiz Paulo Kowalski. Ao ser questionado sobre isso, Ricardo riu e disse que nunca esteve melhor.
“Vocês são ótimos! Eu nunca estive tão bem de saúde. Até minhas taxas são ótimas. Eu não tenho nenhum problema de saúde. Isso é coisa de gente que não tem o que dizer. São maus profissionais que são orientados a fazer o que a Secom paga. Minha saúde está boa e se não estivesse eu diria porque não tenho problemas com isso. Quem viver, verá. Quero que meus adversários tenham uma vida bem longa para confirmar o que eu estou dizendo”.
Ricardo ainda citou os motivos pelos quais quer ser Senador e disse que tem uma história vinculada aos movimentos populares, foi vereador durante seis anos, outros seis como deputado, prefeito de João Pessoa por dois mandatos e duas vezes governador. “Tenho ideias e militância. Fui um bom prefeito e mesmo quando governador continuei sendo um bom prefeito. Até hoje se veem as obras da minha gestão em João Pessoa e na Paraíba. Além disso, eu tenho posição política! Eu odeio político que não tem posição e vai de acordo com o vento e só faz enganar o povo. Eu não sou assim. Nos piores momentos da democracia brasileira recente, durante o Golpe, eu me levantei e fui o primeiro governador a fazer oposição ao então presidente Michel Temer. Eu defendo um estado de país e de estado no Senado”.
Senadores atuais – Ao analisar o desempenho dos atuais senadores da Paraíba – Veneziano Vital do Rêgo, Nilda Gondim e Daniella Ribeiro – Ricardo avaliou que eles tem posturas apáticas em relação a temas importantes: “Numa CPI como a da Pandemia, eu teria obrigação de participar. A privatização da Eletrobras não deveria ter passado no Congresso. Não se pode desmontar a Petrobras como está acontecendo e o SUS está sendo destruído também. O Brasil perdeu a soberania e o presidente se encontra com uma neonazista, mas não abraça os sofrimentos do povo brasileiro. Isso exigiria uma postura mais contundente. Eu me comportarei diferente quando eleito senador”, destacou.
Inelegibilidade e Calvário – Questionado sobre a decisão do TSE tomada no ano passado de decretar sua inelegibilidade, Ricardo Coutinho afirmou que retirou a certidão eleitoral de estar quite com a Justiça. “Isso diz muita coisa”. Ele se queixou da postura de parte da imprensa que apontou na data do julgamento a nulidade de votos que ele receberia para a eleição municipal de João Pessoa, na qual foi o sexto colocado. “Foi uma postura pouco honesta. Na prática, me tiraram da disputa e foi por isso que eu não pude ir ao segundo turno. Três dias antes da eleição, se reúne o Tribunal, desengaveta algo que estava arquivado há dois anos e em 20 minutos julga três processos, qualquer pessoa isenta vai ver que é algo anormal. E a imprensa fez o seu papel de dizer que o voto em mim não valeria. Se você consultar o site do TSE, vai ver que os votos que eu tive foram válidos e constam lá.
A respeito da Operação Calvário, ele apontou ter sido alvo de uma perseguição. “Tudo isso foi para me tirar da política. Desde a revolução de 30, não existia um governador com posição política, que construísse na Paraíba uma porta de entrada para a resistência democrática, que fizesse oposição e disse as coisas na cara do presidente, como eu disse à época da inauguração da transposição como eu disse quando se atacava injustamente as pessoas que fizeram aquela obra. Essa situação toda se caracteriza como um profundo lawfare, como existiu com Lula. Isso se espalhou pelo Brasil. Aqui na Paraíba se utilizou de tudo, do TCE com decisões vergonhosas, o MP com posições perseguidoras e articulações terríveis… e era tão fácil chegar a dois anos e meio depois e apresentar uma única prova. É simples isso! Mas, não. Foi feita uma narrativa e aproveitou-se da grande mídia que caracteriza o mais profundo caso de lawfare. Sinceramente, fico orgulhoso e essas coisas serão desmoralizadas”.
Lawfare pode ser entendido como o uso das leis como uma arma para alcançar uma finalidade político social, essa que normalmente não seria alcançada se não pelo uso do lawfare.
Fonte: Parlamento PB