Com explosão de casos em todo o país, Ceará, Goiás, Pernambuco e Espírito Santo enfrentam mais pressão no sistema de saúde
A explosão de casos de Covid-19 no início deste ano, provocada pela chegada da variante Ômicron, tem feito muitos estados enfrentarem pressão em seus sistemas de saúde, especialmente nas unidades de terapia intensiva. Pernambuco apresenta um patamar bem próximo de 80% de ocupação desses leitos, enquanto Ceará, Goiás e Espírito Santo ultrapassam esse percentual.
Além desses quatro estados, o Distrito Federal apresentou índices críticos. A taxa de ocupação dos leitos públicos de UTI para tratar os pacientes mais graves acometidos pela Covid-19 chegou a 91,11% nesta quarta-feira (19) na capital do país. O dado é do painel InfoSaúde. Na rede pública, restam apenas quatro vagas para acomodar os infectados.
O índice não atingia esse nível desde junho de 2021, segundo o monitoramento da Fundação Oswaldo Cruz. Diante do aumento da demanda por vagas, o governo anunciou um plano de mobilização de leitos estruturado em sete fases. Na semana passada, dez leitos extras foram abertos, e a previsão era de outros dez começarem a funcionar nesta quarta.
O estado de Goiás registrou nesta terça-feira (18) uma taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 de 82,58%; em Goiânia, 83,51%. Já a taxa de enfermaria para Covid está em 50,36% no estado e em 86% em sua capital. Outro estado que está com a ocupação de leitos em níveis preocupantes é o Ceará. De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará, a taxa de ocupação nesta quarta-feira (19) é de 83,33%.
Segundo o painel de informativo da Secretaria de Planejamento e gestão de Pernambuco, a taxa de ocupação de leitos de UTI por síndrome respiratória aguda grave, infecção causada pelo coronavírus, ficou em 86% na segunda-feira (17). O estado pernambucano tem 952 leitos de UTI Covid, mas na segunda-feira (17) cinco pessoas (três adultas e duas crianças) esperavam por uma vaga.
O Espírito Santo registrou taxa de ocupação de leitos de UTI Covid em 79,17% na terça-feira (18). Já em relação à taxa de ocupação de leitos em enfermaria, apresentou 69,87%. A quantidade total de leitos corresponde a 623 unidades – 384 de UTI e 239 de enfermaria. A ocupação total de leitos é de 75,60%.
Estado com menos pressão, mas com aumento de casos
Outros estados e capitais também viram as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid aumentar em decorrência da disseminação da variante Ômicron e, embora não estejam com os patamares tão elevados, preocupam as autoridades sanitárias.
O estado do Rio de Janeiro teve o território classificado na chamada bandeira amarela, de baixo risco para Covid-19, segundo a 64ª edição do Mapa de Risco da Covid-19, divulgada na sexta-feira (14) pela Secretaria de Estado de Saúde.
De acordo com a secretaria, as taxas de positividade para Covid em testes RT-PCR no período de 4 a 11 de janeiro sofreram aumento de 38%, mas os óbitos tiveram redução de 28%. O órgão informou ainda que todas as regiões de saúde apresentaram uma taxa de ocupação de UTI e enfermaria inferior a 40%. O aumento repentino nos resultados positivos para a Covid-19 foi identificado a partir do dia 26 de dezembro, quando o índice passou de 1,4% para mais de 20% nos primeiros dias de janeiro.
No estado de São Paulo, dados da Secretaria de Saúde mostram que a taxa de ocupação de leitos Covid-19 é de 51,7% em UTIs e de 56,3% em enfermaria. Na região metropolitana, a ocupação de leitos de UTI Covid é de 58,4% e nas enfermarias, 65,3%. Ainda no Sudeste, Minas Gerais tem 24,26% dos 2.102 leitos de UTI Covid ocupados.
No Amazonas, que há um ano foi palco da maior crise de desabastecimento de oxigênio no país, dados da Fundação de Vigilância em Saúde mostram que a taxa de ocupação de UTI Covid é de 36,4% e de UTI geral, 83,1%. Já a taxa de leito clínico de Covid no estado é de 69,6% e de leitos clínicos gerais, 78,5%.
Na capital baiana, o percentual de leitos ocupados em UTI adulto é de 64% e em UTI pediátrica, de 60%. Já em relação aos leitos clínicos adultos, a ocupação é de 77%; quanto aos leitos pediátricos, de 90%.
Medidas restritivas
Para conter o avanço dos casos, o secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, Rodrigo Novaes, anunciou novas regras de convivência válidas até 31 de janeiro. Festas e encontros terão uma redução no limite de pessoas autorizadas a entrar: mil pessoas em espaços fechados e até 3.000 pessoas em locais abertos, incluindo estádios de futebol.
Para o frequentador ser atendido em bares, restaurantes e lanchonetes, será exigido dele o comprovante de vacinação com duas doses ou a dose única no caso de adultos com até 54 anos e o comprovante da dose de reforço para pessoas com mais de 55 anos.
Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) vem dizendo que o cenário está sob controle e que medidas restritivas para o comércio não são necessárias neste momento. Em coletiva de imprensa, ele e médicos do Comitê Científico anunciaram a restrição da capacidade de público em eventos para o limite de 70%.
O prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), decidiu suspender o Carnaval de rua na cidade como forma de evitar o alastramento das infecções. Nesta semana, o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, autorizou a contratação de 700 médicos e profissionais de saúde para dar conta do aumento da demanda nas unidades de saúde.