Covid: Em um mês, Brasil soma 73% dos casos do 2º semestre de 2021

Vacinação reduz mortes, mas variante Ômicron faz país registrar 2,7 milhões de casos de Covid apenas em janeiro

A variante Ômicron do novo coronavírus se espalhou pelo Brasil e já faz o país somar 2.747.285 casos confirmados da doença em 28 dias de janeiro, equivalente a 73% do que foi registrado em todos os 184 dias do segundo semestre do ano passado. É o que apontam dados do Ministério da Saúde, analisados pelo R7.

Os registros colocam a média móvel de casos no patamar mais alto desde que a pandemia começou no Brasil: 183.289. A situação também se reflete nos recordes de casos diários. Dos dez piores dias em relação ao número de infecções, nove foram registrados nas últimas duas semanas. O último recorde foi nessa sexta-feira (28), com 269.968 casos.

Recordes de casos diários de Covid
28/01/2022 – 269.968 casos
27/01/2022 – 228.954 casos
26/01/2022 – 224.567 casos
19/01/2022 – 204.854 casos
25/01/2022 – 183.722 casos
20/01/2022 – 168.495 casos
21/01/2022 – 166.539 casos
22/01/2022 – 157.393 casos
18/09/2021 – 150.106 casos (represamento de dados do Rio de Janeiro causou recorde)
18/01/2022 -137.103 casos

A escalada de casos lembra o roteiro do início de 2021, quando a variante Gama tomou subitamente um Brasil que ainda sofria com pouquíssimas doses das vacinas contra Covid-19. Em algumas semanas, as infecções escalaram para recordes de mortes, com até 4 mil brasileiros perdendo a vida para a doença em 24h.

Com 70% da população totalmente imunizada e 77% com a primeira dose, o aumento inédito de infecções ainda não causou movimento semelhante no número de vítimas. A média móvel de mortes está em 474, cerca de seis vezes menor que o pico da segunda onda, em abril do ano passado.

No entanto, o aumento extraordinário de infecções que a Ômicron causa já deixou o Distrito Federal e outros seis estados com taxa de ocupação de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) acima de 80%. Em São Paulo, o governo estadual vai adicionar mais 700 leitos após as internações triplicarem.

O epidemiologista e pesquisador do Observatório Covid-19 BR Roberto Kraenkel avalia que a falta de política de testagem no Brasil e o apagão de dados do Ministério da Saúde tornaram impossível acompanhar a evolução da variante no país desde que o primeiro caso foi confirmado na cidade de São Paulo, no dia 30 de novembro de 2021.

Desde então, a queda nas internações na capital paulista foi revertida e houve uma explosão dos atendimentos de síndrome gripal. Kraenkel relata também que o surto ainda foi acompanhado da epidemia nacional de influenza, o que tornou ainda mais difícil a avaliação do cenário epidemiológico para avaliar a influência de cada vírus.

“Nos passamos basicamente um mês, quase um mês e meio em um apagão de dados, de certa forma incompreensível, porque não se sabe o que aconteceu exatamente e não há transparência sobre o que aconteceu. Mas esses dados estão voltando agora”, avalia.

Apesar da piora súbita do cenário, o comportamento da Ômicron em outros países, como a África do Sul e o Reino Unido, indica que a terceira onda da pandemia pode ser mais rápida e menos letal. Nos dois países as infecções explodiram, mas tiveram uma rápida diminuição dos casos sem crescimento equivalente das mortes e internações.

Há também a perspectiva da variante, menos letal e muito contagiosa, poder antecipar o fim da pandemia e tornar a Covid-19 endêmica. Mas especialistas alertam que o aumento tão significativo das infecções, além de causar um aumento natural em internações e mortes, também é perigoso por aumentar o risco de outras variantes surgirem.

“O que se espera é que a gente atinja esses picos nas próximas semanas e até o final de março, teoricamente, isso diminua”, diz o presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Marcos Cyrillo.

“Depois a tendência é de vacinação, de mais gente pegando a doença, então teremos uma imunidade maior. Mas provavelmente nas próximas duas, três semanas é que nós vamos atingir esse pico ou saber como a variante vai se comportar.”

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