Edmilson Lucena
Com a aproximação do ano eleitoral o vocabulário nos debates municipais começa a ter o recheio da mentira, da depreciação, do ataque falacioso com aparência de verdade. É o surgimento, ou ressurgimento, como queiram, das quengas aventureiras da política.
Alguns malandros e aproveitadores que surgem somente neste período, de forma sem vergonha, aqui na Capital e na minha cidade de Princesa Isabel, usam o precioso tempo para espalhar mentiras, boatos, factoides, calúnias e toda sorte de difamação a fim de causar um impacto sensacionalista na opinião pública.
Um pressuposto destes aventureiros da política apodrecida em que tentam vangloriar-se é o seguinte: Se não posso vencer tão somente com a verdade dos fatos e com a coerência entre o caráter e o comportamento público, se não posso convencer os eleitores com o bom argumento, com a ética e o respeito ao próximo, então, terei que vencer com a mentira, a fim de desconstruir e deformar publicamente a imagem do adversário político.
Afinal, para estas raposas em penas de frango do poder os fins justificam os meios, sem se importar que para atingir os fins os meios sejam inescrupulosos. A questão aí não é a velha ou a nova política. A questão é que as raposas em penas de frangos são velhas e querem circular sempre em redor do galinheiro para engordarem-se das benesses do poder. Urge mudar os políticos!
O que deve se avaliar é que, para estas quengas da política, vender a imagem de serem estes os construtores de uma cidade pautada na ética, na verdade e na justiça não passa de uma hipocrisia. São estes os verdadeiros atores e atrizes da política.
Pode-se no afã de conquistar o poder desconstruir, deformar, confundir e até destruir a imagem de um candidato, mas ninguém destrói ou desconstrói o caráter bem firmado na verdade, na honestidade e no senso de justiça.
Os que querem trabalhar na política com a filosofia da desconstrução da imagem do outro, via de regra, é porque não têm uma autoimagem que lhe dignifica. Quem tem autoestima, quem valoriza e confia no que é e no que faz, não tem inveja nem medo da imagem do outro.
Certa vez perguntaram a Confúcio, um dos filósofos chineses de maior influência no mundo, o que ele faria se tivesse que governar um país.
Respondeu: “Seria evidentemente corrigir a linguagem”. Surpresos com a resposta, seus interlocutores indagaram-lhe o porquê. Então ele deu a seguinte resposta:
– “Se a linguagem não for correta, o que se diz não é o que se pretende dizer; se o que se diz não é o que se pretende dizer, o que deve ser feito deixe de ser feito; se o que deve ser feito deixa de ser feito, a moral e as artes decaem; se a moral e as artes decaem, a Justiça desbarata-se; se a Justiça desbarata, as pessoas ficam entregues ao desamparo e à confusão. Não pode, portanto, haver arbitrariedade no que se diz. É isso que importa, acima de tudo”.