1 – Aonde a gente chega só se fala em carestia. Subiu tudo, do ovo à carne, do feijão ao arroz, até a farinha está pela hora da morte. Sabão de lavar roupa, aquele de pedra que se comprava a 1 real, hoje está por 11 reais e olhe lá. Voltamos ao sinistro tempo de Zé Sarney, do qual me lembro bem, pois nele vivi e dele senti os efeitos.
2 – Lembro tanto! Saía de casa pela madrugada para enfrentar a fila da carne. O marchante, todo cheio de autoridade, avisava que só atenderia quem estivesse na fila. E lá se ia a fila da humilhação seguindo para implorar um quilo de carne, que custava caro, mas mesmo caro, humilhava.
3 – A inflação elegeu Fernando Collor de Melo, que acabou de acabar com todo mundo. Confiscou a poupança, confiscou o dinheirinho dos aposentados, dos desvalidos, por causa disso muita gente se matou. Foi tão ruim que terminou empichado. E aí surgiu Itamar Franco, que chamou Fernando Henrique Cardoso para ser o seu ministro.
4 – Com Itamar e FHC o país entrou nos eixos de novo. E com Lula da Silva conheceu a bonança. Ficamos bem, voltamos a comer e a beber, o salário reapareceu em condições dignas e o Brasil, finalmente, voltou a sorrir.
5 – Dilma Roussef fez um bom Governo, foi reeleita e perdeu o controle. As forças sinistras viram nesse descontrole a oportunidade de dar o golpe e o golpe veio com Michel Temer, o desastrado, entronizado no Governo.
6 – Mas como desgraça pouca é meio de vida e o cão quando não vem, manda o secretário, o Brasil elegeu Jair Bolsonaro, o secretário do cão, que nos devolveu o status quo dos tempos de Zé Sarney.
7 – O resultado todo mundo está vendo: inflação nas alturas, salário diluído, fome grassando e a miséria tomando conta do país de uma ponta a outra.
8 – Os sinais de trânsito foram invadidos por pedintes. As calçadas voltaram a ser povoadas por moradores de rua. A coisa está de mal a pior com jeito de que pode piorar ainda mais, pois, além da fome e da miséria, surgiu no país a figura do matador, aquele que invade sua casa e lhe tira a vida.
9 – Temo pelo que pode ainda acontecer daqui até o dia de irmos às urnas decidir se continuamos desse jeito ou se damos um basta nas loucuras desses desmiolados que nos governam em nome de uma pátria amada Brasil de mentirinha.
10 – Conto nos dedos os dias que faltam para o fim do pesadelo.
11 – E agora lá se vão os meus abraços sabadais para Maiza Fonseca, Flora Diniz, Lilia Muniz Fernandes, Maria Zélia Alves, Cida Ramos, Glauce Burity, Wanderleia Gadi, Albiege Fernandes, Amanda Rodrigues, Nininha Lucena, Cacilda Lucena, Neci Lucena, Claudia Carvalho, Paloma Gondim e Poliana Lima.
12 – E termino com esse verso do poeta Zé da Prata, dedicado a todos os meus coleguinhas de cabelos brancos:
Se vejo mulher bonita,
Meu corpo ainda se bole.
Mas sei que já estou velho,
É melhor que me console…
De que serve eu ter desejo,
E a correia assim tão mole?
O priquito não engole;
Mesmo botando a cabeça
Tirando a mão escapole.
E não posso dessa forma
Fazer mais o bole-bole.