PORQUE HOJE É SÁBADO


1 – A Festa das Neves está para começar. Mudou de local, deixou a General Osório e vai para a Lagoa do Parque Solon de Lucena(um prefeito mudou o nome do parque mas eu continuo chamando pelo nome antigo). Os defensores da mudança alegavam que nos sete dias de festa o centro da cidade virava um caos, com o trânsito interrompido. Isso não viria mais ao caso porque o caos está instalado com aquele amontoado de camelôs e bêbados no antigo Ponto de Cem Réis.

2 – A festa perdeu a graça, pelo menos no meu achar, a partir da extinção da Bagaceira, a parte mais romântica e democrática do festejo. Para ali se dirigiam os quase lisos e os poetas, jornalistas, intelectuais, putas e cachaceiros. Enquanto nos pavilhões dos ricos se bebia uísque e se comia galetos, na Bagaceira a gente bebia cachaça com siri mole, com buchada, com bode e com rabada.

3 – Sem contar com o banheiro ao ar livre na Ladeira da Borborema, aquela que Caixa D`água imortalizou com seu imortal poema “Ladeira da Borborema/tu és mais arta do que eu/ mas eu posso subir in tu/ e tu num pode subir neu”.

4 – Dos encantos do passado sobraram a Monga e os cantores bregas, que este ano também vão marcar presença no palco da Prefeitura. Pena que Cardivando de Oliveira ainda não possa estar na apresentação dos cantores. Ele era uma atração à parte.

5 – Quem se mantém fiel às origens é o escritor 1berto de Almeida. Todo domingo pega o carro e vai bater na Feira de Oitizeiro. Lá se embrenha entre as barracas, come cuscuz, come carne, conversa com os feirantes e colhe assuntos para seus escritos.

6 – No tempo das minhas moradas na banda sul da cidade eu era frequentador da Feira de Oitizeiro. Fazia minha feira ali. Era um barato sair de lá carregando dois balaios, entrar com eles no ônibus e depois descer do imprensado fazendo piruetas para os balaios não despencar.

7 – Mas deixei de ir desde o dia em que mataram um irmão mais novo na covardia da facada ali mesmo, no pátio da feira. O lugar passou a me despertar lembranças amargas.

8 – O prazer de conversar com o companheiro Josinaldo Malaquias, a quem não vejo faz um tempinho. Conversa telefônica, eu daqui de João Pessoa e ele do seu recanto rural lá pras bandas do Planalto de Santa Rita, vivendo a merecida aposentadoria ao lado de sua Liliane.

9 – Hoje tem reunião dos confreiros da Livraria do Luiz, entre os quais se destacam Chico Pinto, Antônio David, Zé Nunes e Hildeberto Barbosa Filho.

10 – Daqui a pouco a turma do cuscuz se reúne em Mangabeira. O cardápio vai do bode à rabada, passando pelo guisado de boi, a costela cozida e o picado.

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Marcos Pires, Ovídio Mendonça, Pedro Cirne, Ramon Moreira, Rosane Pereira, Sheyner Asfora, Francisco Ferreira, Zé Euflávio,José Washington Cavalcante, Flávio Lúcio, Lúcio Flávio, Márcia Lucena, Amanda Rodrigues, Bartira Ribeiro, Eudésia Leandro e Flora Diniz.

12 – Contada por Zé Euflávio, que ouviu de Agnaldo Almeida e repassou:

” Bastião, nosso colega Agnaldo Almeida conta uma história ótima. Segundo ele, uma irmã de Naná e o marido dela vieram passar um final de semana em João Pessoa e Naná deu endereço na Rua Índio Arabutã, no Cabo Branco, onde ela e Agnaldo moram. O marido da irmã de Naná acionou o GPS e foi parar no Alto do Mateus. Agnaldo ficou encabulado e foi pesquisar. Descobriu que existem duas ruas com esse mesmo nome. Marcos Odilon e Natércia Suassuna tinham escrito um livro e o tema do trabalho era a origem dos nomes das ruas da cidade. Um dia, Agnaldo encontra Marcos e pergunta: “Marcos quem foi esse Índio Arabutã?” E Marcos com a sordidez que lhe era peculiar, respondeu: “Meu querido Almeida, isso é Índio de Carnaval”, e a conversa foi encerrada. Abraços, Zé Euflávio, seu criado.

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