EDMILSON LUCENA
Perdi a minha mãe no dia 15 de março de 1999. Ela faleceu na UTI do Hospital Edson Ramalho após sofrer o terceiro AVC. Não a vi morrer. Eu estava internado na UTI do Hospital Memorial São Francisco vítima de um espasmo, um princípio de infarto que, cuidado a tempo, salvou-me do pior. Recebi a notícia dos meus irmãos e irmãs mas, antes que me dissessem, pressenti de imediato que havia perdido a pessoa que mais amei na vida. Sofro demais com sua ausência. Dói muito não tê-la comigo. Sinto que grande parte de mim a acompanhou na viagem eterna.
Consola-me saber que ela, Dona Emília, minha mãe, está ao lado da Mãe de Jesus Cristo, Nossa Senhora, velando por todos nós; ajudando a nos levantar quando caímos; dando-nos força e motivação quando começamos a desanimar; e, acima de tudo, mantendo em nós, os seus filhos, a chama, sempre acesa, da honestidade, dignidade, coragem, companheirismo, solidariedade e de amor ao próximo.
Feliz Dia das Mães, Mamãe! Meu amor por você é tão grande que consegue mantê-la viva e presente em todos os momentos da minha vida.
Dê-me a sua bênção, Mamãe. E até o nosso reencontro definitivo!
Reproduzo abaixo, em homenagem à minha e a todas as mães que já se foram, a poesia do eterno Carlos Drumond de Andrade:
PARA SEMPRE
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade