Na noite de sábado (8), por volta das 20h30, quatro homens armados e encapuzados teriam invadidom o Acampamento Canudos, localizado em Riachão de Santo Antônio, Paraíba. Eles amarraram os homens e atearam fogo em diversos barracos. As informações foram fornecidas pela coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Paraíba.

Testemunhas informaram que os invasores gritavam que eram policiais e afirmavam estar ali para fazer o bem, segundo o MST. “Eles deixaram a gente assistir tudo pegar fogo. Perdi tudo, e ainda ver minha filha chorando e eles dizendo que iam nos matar foi muito difícil. Minha força foi Deus”, relatou Gerlane Alves, uma das pessoas que retalou a invasão.

Um homem teve suas mãos amarradas com abraçadeiras de plástico e a família foi expulsa de seu barraco. Os agressores derramaram um produto inflamável e incendiaram o local.

Após o ataque, as famílias conseguiram controlar o fogo e acionaram a Polícia Militar, que prestou assistência e realizou diligências, mas os criminosos não foram encontrados. As famílias relataram que há dois anos vêm sofrendo ameaças de um funcionário da fazenda, conhecido como Erivadro, que já havia prometido expulsar todos e colocar fogo no acampamento.

O Acampamento Canudos, uma ocupação realizada pelo MST há 10 anos, abriga 56 famílias que reivindicam a desapropriação da fazenda Canudos, com cerca de 3 mil hectares, considerada improdutiva e abandonada. Durante esses anos, as famílias têm produzido alimentos e criado animais, buscando cumprir a função social da terra. No final de abril, representantes do INCRA Paraíba e da coordenação estadual do MST realizaram o cadastramento das famílias no local, o que pode ter intensificado as tensões.

O crime está sendo acompanhado pela Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo, Defensoria Pública e pela Delegacia de Polícia Civil de Queimadas.