Marcos Pereira, o presidente nacional do Republicanos, desistiu da candidatura à presidência da Câmara em favor de Hugo Motta, que é o líder do partido na Casa. A informação foi divulgada pelo blog do colunista Lauro Jardim, em O Globo. O blog também teve acesso à decisão.
Pereira era um dos três principais nomes na disputa – junto do líder do União Brasil, Elmar Nascimento, e do líder do PSD, Antônio Brito.
Motta era visto como um dos nomes favoritos do presidente da Câmara, Arthur Lira. Mas havia uma resistência por parte do Republicanos, já que Pereira – que é o atual primeiro vice-presidente da Câmara – planejava há alguns anos suceder Lira.
O presidente Lula foi avisado às 5 da tarde da decisão de Pereira. Elmar Nascimento se reúne nesta noite (03) com Lira e pode abrir mão da candidatura.
Mais cedo nessa terça-feira (03), o presidente Lula se reuniu com o presidente do PSD, Gilberto Kassab. E pediu que Brito retirasse a candidatura. Mas Kassab não aceitou.
A cúpula do União Brasil tinha a expectativa de que Lira anunciasse o apoio a Elmar Nascimento até o fim desta quarta-feira (04). A avaliação foi de que ao determinar um prazo – até o fim de agosto – para estabelecer de quem seria seu apoio, Lira criou uma situação difícil para seus aliados. E uma demora em anunciar o nome de Elmar acabaria por fragilizar a candidatura do líder do União Brasil.
Líderes partidários estiveram presentes em reunião na Residência Oficial na tarde de terça (03). Ao fim, disseram que estavam tentando uma solução de consenso. O líder da Maioria, André Figueiredo (PDT-CE), afirmou: “A gente está no momento de fortalecimento do Parlamento. Se a gente sai fracionado, o Parlamento acaba perdendo essa força. A nossa busca é pelo consenso”.
O governo também passou a apoiar a tese de Lira de que uma disputa entre mais de um candidato acabaria fragilizando não apenas Lira como o próprio governo. Mas tinha resistências ao nome de Elmar alegando que a sucessão de Rodrigo Pacheco no Senado está adiantada e que o União Brasil comandaria as duas casas.
A ascensão de Motta pode significar o último capítulo do imbróglio.
QUEM É HUGO MOTTA?
Hugo Motta Wanderley da Nóbrega, de 34 anos, nasceu em João Pessoa, em 11 de setembro de 1989.
A militância na política de Hugo Motta começou em 2005, quando se filiou ao PMDB — hoje MDB. Em 2006, participou da campanha de José Maranhão ao governo da Paraíba e, posteriormente, trabalhou nas candidaturas do pai, Nabor Wanderley da Nóbrega Filho (Republicanos), atual prefeito de Patos — ele está em seu terceiro mandato e disputa a reeleição. Nabor completará 59 anos no próximo dia 14 de setembro.
Em 2010, Motta foi eleito pela primeira vez. Aos 21 anos, foi o mais jovem a conseguir o cargo de deputado federal no país, com mais de 86 mil votos. Em 2014, foi reeleito com 123.686 votos.
Em 2018, agora no Republicanos, conseguiu um novo mandato, com 92.468 votos.
Já em 2022, em sua última reeleição até então, recebeu o apoio de 158.171 eleitores da Paraíba e foi o parlamentear mais votado do estado.
Atualmente, é o líder na Câmara, vice-presidente nacional e presidente estadual da Paraíba do Republicanos.
Em sua atuação no Congresso, foi presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, em 2014. Também esteve à frente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em 2015.
Tradição familiar
Formado em medicina, vem de família com tradição na política.
O avô paterno, Nabor Wanderley, foi prefeito da cidade de Patos, na Paraíba, entre 1956 e 1959.
Seu avô materno, Edivaldo Motta, foi deputado federal entre 1987 e 1992, ano em que morreu. Antes, foi deputado estadual na Paraíba por cinco mandatos, entre 1967 e 1987.
Já sua avó materna, Francisca Motta, foi deputada estadual, também por cinco mandatos, e prefeita de Patos entre 2013 e 2016.