O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), deixou claro que não simpatiza com a formação do G10 na Assembleia Legislativa. O grupo se diz aliado do governo, mas ao mesmo tempo “independente” e foi formado no início da gestão de João Azevedo (PSB). Durante sua visita a Cajazeiras, neste sábado, 26, onde foi homenageado como maior benfeitor da região, o socialista deixou no ar um conselho para o sucessor: “Tem que dizer se aceita ou não. E se não aceita, tem que agir deixando claro que não aceita. Tem que governar com quem é governo. Isso não é nada contra ninguém. É política”, afirmou em entrevista coletiva.
Ricardo lembrou que teve o primeiro mandato muito tumultuado com a oposição da Assembleia – à época o presidente da Casa era Ricardo Marcelo, adversário do PSB – e acrescentou que no segundo mandato hoje uma “mudança qualitativa muito grande”. Foi naquele momento que o bloco governista conseguiu articular a eleição casada dos dois biênios com Adriano Galdino (PSB) e Gervásio Maia (PSB). “Acho que muito depende do governo dizer como é e como quer. Acho que a maior parte do G10 haverá de se alinhar com o governo incondicionalmente. Tem um ou dois ali que estão mantendo aquela estrutura. A maior parte se alinha porque foi eleito pelo governo, com nosso bloco. Ora, nós elegemos 22 deputados. Será que não contou nada o caminho e o humor que a Paraíba tinha para eleger 22 deputados? Contou tudo: as obras que o governo fez em cada município, o discurso que o governo adotou, a simbologia da auto-estima elevada do Estado… o povo apostou não apenas no governador, mas também nos deputados… dois terços praticamente foram da nossa bancada e essa bancada tem que ter relação com o governo. Acho que essa coisa vai terminar numa situação ruim, vai ter atritos cada vez maiores e eu não sou governante, mas se eu me visse numa situação como essa eu gostaria de ter uma definição de quem está com o governo e acho que a maioria estaria com o governo caso essa definição fosse cobrada. Mas isso é apenas uma opinião minha. Eu não sou mais governador”.
Em outro trecho da entrevista, Ricardo Coutinho disse que não teve grande interferência na composição do secretariado de João Azevedo. Segundo ele, muitos auxiliares de sua gestão foram mantidos porque “era gente que era fundamental para segurar o estado, para ter solução de continuidade”. O socialista disse ter feito “pouquíssimas indicações” onde havia, segundo ele, “resistências”.
“Eu não fiz indicação, fiz pouquíssimas onde haviam resistências, não vou citar nomes, mas alguém já citou por aí. O restante era gente que era fundamental para segurar o estado, para ter solução de continuidade. Ah, se eu pegasse um estado com R$ 300 milhões em caixa livre. Ah, se eu pegasse sem um monte de problemas e tendo que pagar muita conta”, afirmou.