EDMILSON LUCENA
Há alguns dias, um programa de radiojornalismo divulgou notícia que mencionava a origem, a fonte da informação e deixava muito claro que se tratava de um release do governo estadual. Esse fato chama a atenção e confirma a diferença que existe entre um jornalista profissional e um falso jornalista.
Os jornalistas profissionais desenvolvem processos de apuração da notícia. Sem dúvida que no cotidiano do trabalho jornalístico, a apuração é mal feita e há inúmeros problemas no texto. Mesmo assim, uma notícia produzida é muito diferente daquela “copiada” dos releases. Alguns veículos simplesmente publicam a cópia do release. É comum ler no jornais, nos ciberjornais, ouvir nos radiojornais e assistir nos telejornais uma notícia que é uma simples cópia do release divulgado pelas assessorias de imprensa ou de comunicação das empresas e, principalmente, dos órgãos públicos.
É importante esclarecer que release é uma nota, um texto produzido por jornalistas que trabalham em assessorias de imprensa ou de comunicação para divulgar determinados fatos, ações de uma empresa ou de governo. O release tem como objetivo divulgar as atividades, ações de uma instituição de forma que promova aquela empresa ou entidade pública.
Pode-se enumerar diversos procedimentos que fazem a diferença entre um jornalista qualificado e um falso jornalista. Um deles é a técnica. Há uma técnica jornalística. A produção da notícia requer conhecimento dessas técnicas para que possa ser compreensível, contextualizar o fato, verificar as diferentes versões, checar o maior número de fontes possíveis. Também é necessário ao jornalista ter conhecimento da sociedade. Como assim? É preciso que o jornalista domine conhecimentos de sociologia, psicologia, filosofia, política, economia, entre os principais. É não é num “achismo” que um profissional de jornalismo vai divulgar informações dessas áreas sem compreender o singular e o conjunto das mesmas.
Um jornalista profissional é responsabilizado pelo que divulga, pelo que noticia. Como qualquer profissional, o jornalista tem sua atividade regulamentada e orientada pelo Sindicato dos Jornalistas e pela Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj e assim é responsabilizado por tais instituições, quando ocorrer, informações falsas que publicar, sob pena de processo na Comissão de Ética do Sindicato ou da Fenaj.
Um falso jornalista, comumente, busca autopromoção. De outro lado, o jornalista qualificado é aquele que trabalha nos “bastidores”, produz a informação que será divulgada sem ter seu nome expresso em “letreiros luminosos”. Até recentemente, o leitor pode pesquisar, as notícias publicadas em jornais e revistas não tinham assinatura do jornalista. Sem dúvida que a assinatura do jornalista é importante. Reconhece um trabalho bem feito e denuncia erros. Neste caso, a mudança realizada pelas empresas jornalísticas foi muito positiva. Valoriza o trabalho de autoria, garante os direitos autorais do jornalista.
Um falso jornalista, na maior parte das vezes, é um colador de notícias, o famoso Ctrl C + Ctrl V, em outras palavras se trata de plágio, raramente este falso jornalista publica o nome do autor do texto original ou faz qualquer citação de origem.
E por fim, a diferença essencial está na questão ética! A ética jornalística é própria, tem um estatuto definido. Há um trabalho árduo de professores para orientar os futuros jornalistas na consciência profissional, nos procedimentos adequados no exercício da profissão. No cotidiano dos jornalistas é que se encontram os pontos de tensão e a fronteira naquilo que é ético e no que se transforma em sensacionalismo, apologias ou mera busca de lucratividade, de um serviço público para um serviço privado.
Um jornalista qualificado respeita a sociedade, um falso jornalista tripudia.