Anderson Torres se recusou a falar com agentes da Polícia Federal durante seu depoimento na manhã desta quarta-feira (18), em Brasília. As informações são do portal g1.
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal ficou em silêncio durante toda a abordagem dos policiais no 4º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (Guará), onde ele está preso.
A equipe da PF chegou ao local por volta das 10h30, mas saiu pouco depois, às 12h, após ouvir do ex-ministro que não tinha declarações a dar aos agentes.
Omissão em invasão bolsonarista
O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal é acusado de omissão nos atos terroristas do último dia 8 em Brasília, quando prédios dos Três Poderes foram invadidos e depredados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também agrediram policiais e jornalistas.
Durante o episódio, Anderson estava de férias em Orlando, nos Estados Unidos, e teria negligenciado a segurança na capital federal mesmo diante dos avisos dos manifestantes golpistas.
Exonerado do cargo
Logo depois do ocorrido, o secretário foi exonerado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), que também acabou afastado do cargo, por pelo menos 90 dias, após decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Anderson foi detido assim que retornou ao Brasil, no último sábado. Ele passou por audiência de custódia virtual, e a Justiça determinou que ele seguisse preso.
Ex-secretário se sente “abandonado” por Bolsonaro
O ex-ministro teria sinalizado a pessoas próximas que se sentiu “abandonado” por Bolsonaro desde sua prisão e se mostrou decepcionado com o tratamento dado ao seu caso pelo ex-presidente.
A prisão de Anderson teria ligado um alerta entre os bolsonaristas para uma possível delação premiada. A cúpula do antigo governo já se mostrou preocupada com o que ele pode dizer.
À coluna Radar, da revista Veja, uma pessoa próxima ao ex-ministro indicou que Torres pode mesmo “derrubar” outros ex-integrantes do governo.
Segundo esta fonte, o ex-ministro fez favores para gente importante em Brasília e guardou informações relevantes sobre diversas figuras do poder. “Se (ele) for abandonado, não cairá sozinho”, afirmou.
No entanto, o advogado do próprio Anderson, Rodrigo Roca, havia descartado mais cedo a possibilidade de uma delação premiada. “Não há o que ser delatado”, disse à CNN Brasil.