O procurador-geral da República, Augusto Aras, postou um vídeo nesta quinta-feira (21) com esclarecimentos sobre o processo eleitoral brasileiro e a segurança das urnas eletrônicas. Aras não cita diretamente o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas a publicação coincide com o momento em que ele é pressionado por procuradores que pedem a abertura de investigação sobre o chefe do Executivo por ataques ao sistema eleitoral brasileiro. A gravação ocorreu há cerca de 15 dias, antes da reunião do chefe do Executivo com embaixadores, quando ele questionou a integridade das eleições.
O vídeo compila cinco minutos de uma entrevista que o chefe do Ministério Público Federal concedeu à imprensa estrangeira no dia 11 de julho. “Diante dos últimos acontecimentos no país, o procurador-geral da República, Augusto Aras, recorda a necessidade de distanciamento, independência e harmonia entre os Poderes, e que as instituições existem para intermediar e conciliar os sagrados interesses do povo”, diz o texto do vídeo antes da fala do procurador-geral.
Em seguida, Aras comenta que não será aceita a “alegação de fraude” nas eleições. “Temos visto o sucesso da urna eletrônica nos últimos anos”, garante.
Aras também falou sobre atos de violência política e discurso de ódio. “A polarização no Brasil não é diferente da de outros países, nós aqui temos não só buscado medidas judiciais que punam culpados, mas também promovido programas de pacificação social e de respeito aos contrários. Compreendemos que a democracia é o governo dos contrários, que a democracia passa por uma tensão permanente, mas uma democracia se revela mais forte quando ela consegue resistir a essa pressão contínua, e nós temos as nossas instituições funcionando”, disse.
Na segunda-feira (18), o presidente reuniu embaixadores e representantes de missões diplomáticas no Palácio da Alvorada e levantou novamente suspeitas sobre a segurança das urnas eletrônicas, sem apresentar provas, e atacou ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na terça-feira (19), nove deputados federais de oposição protocolaram uma representação no STF contra Bolsonaro por ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral em reunião com embaixadores ocorrida na segunda-feira (18).
No documento, os parlamentares afirmam que os ataques feitos constantemente configuram “crime contra as instituições democráticas, crime de responsabilidade e crime eleitoral, bem como propaganda eleitoral antecipada e ato de improbidade administrativa”. A relatoria do caso ficou com a ministra Rosa Weber.