A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alertou nesta quarta-feira (4) que o Brasil corre o risco de perder o Pantanal até o final deste século, caso o aquecimento global não seja revertido. A declaração foi feita durante uma sessão da Comissão de Meio Ambiente do Senado, onde Marina discutiu as queimadas e a prolongada estiagem que afetam grande parte do país, especialmente o Pantanal e a Amazônia. A convocação de Marina Silva pela comissão se deu em resposta ao aumento das queimadas no Brasil no último mês.
“Se as condições atuais persistirem, o diagnóstico dos pesquisadores é claro: podemos perder o Pantanal até o fim do século. Isso se deve à baixa precipitação, ao alto processo de evapotranspiração e à incapacidade de alcançar a cota de cheia, tanto dos rios quanto da planície alagada”, explicou a ministra.
Marina Silva destacou que o governo federal tem se esforçado para enfrentar as queimadas e a seca histórica, buscando mitigar os danos e reverter as “condições muito desfavoráveis”. Segundo ela, o trabalho iniciado em janeiro de 2023 evitou que a situação se tornasse “completamente incontrolável”. “Estamos tentando ‘empatar o jogo’ em meio a essas adversidades”, afirmou.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o país registrou 68.635 queimadas em agosto de 2024, tornando-se o quinto pior mês da série histórica iniciada em 1998. Este é o maior índice registrado para agosto desde 2010, quando houve 91.085 focos de calor. Ao final de agosto, mais de 620 cidades brasileiras estavam em situação de emergência devido à falta de chuva e aos incêndios florestais, representando 11% dos municípios do país.
A prolongada estiagem e possíveis atividades ilegais, atualmente sob investigação pela Polícia Federal, foram apontadas como fatores que contribuíram para o aumento expressivo das ocorrências. Em 2024, o número de queimadas foi 144% maior em comparação a 2023, quando foram registrados 22.478 focos. As autoridades intensificaram o combate e a fiscalização nos principais biomas brasileiros, especialmente porque setembro tende a ser o mês com maior número de registros. Em 2023, foram 46.498 focos em setembro, mas o país já atingiu o recorde de 141.220 focos no mesmo mês em 2007.