Campina Grande estimula “kit covid” e Ministério Público é acionado


Mesmo sem nenhuma eficácia comprovada e não tendo recomendação médica e sanitária por parte de autoridades da saúde de dentro e de fora do país, a gestão do prefeito de Campina Grande Bruno Cunha Lima (PSD), por meio da Secretaria Municipal da Saúde, que administra o Hospital Pedro I, no bairro de São José, tem mantido a prescrição do chamado “kit-covid” para pacientes com sintomas da doença provocada pelo novo coronavírus.

O Pedro I é a unidade de referência para tratamento de pacientes com a covid-19. Ontem, uma paciente com suspeita de covid-19 protocolou uma denúncia junto ao Ministério Público da Paraíba (MPPB) contra o Hospital Pedro I, em Campina Grande.

Ela acusa o hospital de prescrever medicamentos do chamado “kit-covid”, a exemplo da hidroxicloroquina e ivermectina, como tratamento para gripe. De acordo com a filha da paciente, que não quis se identificar, sua mãe acordou com sintomas de gripe, com coriza e dor de cabeça, e se dirigiu ao hospital com a expectativa de ser testada para a covid-19. “Ela foi ao Pedro I porque gostaria de saber se era gripe mesmo ou a outra doença. Recebeu um atendimento rápido, onde recebeu essa prescrição de forma imediata”. Mesmo com sintomas leves e tendo tomado as duas doses da vacina contra a covid-19, o médico responsável prescreveu um comprimido ao dia, durante cinco dias, de hidroxicloroquina 400mg, e azitromicina 500mg, além de três comprimidos de ivermectina para tomar em dose única.

A reportagem de A União procurou o secretário da Saúde, Filipe Reul, para falar sobre o assunto e se havia mesmo uma recomendação por parte da prefeitura no uso do “kitcovid”, mas ele não respondeu aos contatos. Já a sua assessoria orientou a reportagem a procurar a direção do Hospital Pedro I. Em entrevista, o diretor do Hospital Pedro I, Tito Lívio (cunhado do prefeito Bruno), explicou que o protocolo do hospital sugere o uso dos medicamentos. Ele ressaltou que os médicos têm autonomia para prescrevê-los, assim como os pacientes têm a opção de não tomá-los.

“Não acredito que foi erro ou falha médica, a depender da dosagem, pode até ter sido eu. O nosso protocolo sugere o uso, mas não obrigamos o uso. O médico tem toda autonomia de prescrever e o paciente mais ainda de não tomar o medicamento”, disse o cunhado do prefeito. O uso desses medicamentos tem sido estimulado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – aliado do atual prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD) – desde o início da pandemia. Mas divide opiniões de médicos e cientistas, já que se usados de forma abusiva, podem causar problemas de saúde, como a hepatite. E há muitos casos de mortes registradas.

Redação com o jornal A União

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