Uma tarde pode transformar a vida de uma família, quando ela recebe amor, proteção e inclusão. Pode, também, mostrar para a sociedade que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) precisa ser enxergado com mais carinho e cuidado. É dessa forma que a Prefeitura de João Pessoa, há dois anos, realiza o projeto Tardezinha Inclusiva, que neste domingo (17) completou 24 edições, celebrando uma programação especial de Natal, no Centro Cultural de Mangabeira. O prefeito Cícero Lucena disse que esse é o papel da gestão municipal, de ter um olhar amplo, que acolhe todos os públicos.
“Temos a plena compreensão de qual é o nosso papel como gestor de uma cidade, que é ter um olhar amplo, um olhar que possa ter a sensibilidade e a capacidade não só de identificar os problemas, mas juntos encontrar as soluções. Nessa Tardezinha aqui uma oportunidade para que crianças e adolescentes possam ter a chance de melhor se divertir, interagindo entre elas e com os pais”, afirmou o prefeito Cícero Lucena, que ao lado da primeira-dama Lauremília Lucena recebeu uma placa comemorativa pela 24ª edição do projeto.
A Tardezinha Inclusiva é realizada pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e oferece atrativos importantes para crianças dentro do espectro autista, promovendo inclusão por meio da arte. Pintura, brincadeiras, música, desenho, teatro, dança – um universo de possibilidades, com o poder transformador. O diretor executivo da Funjope, Marcus Alves, disse que ouviu testemunho de pais e mães, que relataram que os filhos não saiam de casa. Hoje, declamam poemas, fazem artes plásticas, participam de coral, tocando instrumentos, balé, entre outras habilidades.
“É uma felicidade muito grande para a gente, porque é um programa único e inovador de inclusão social pela arte. De maneira que as crianças, elas conseguem expressar a sua linguagem, a sua arte. É um trabalho que a gente agradece, principalmente às mães e aos pais, pela confiança, e ao prefeito Cícero Lucena, pelo olhar humano e inclusivo”, afirmou.
As atividades acontecem uma vez por mês, com programação em vários locais. Já houve, por exemplo, passeios e piqueniques no Parque Arruda Câmara, Lagoa, sessão de cinema, entre outras experiências. A presidente da Associação Paraibana de Autismo, Hosana Carneiro, disse que o projeto é uma espécie de terapia social, por promover bem-estar para a família toda.
“Porque nós sabemos que o autista tem dificuldades enormes na interação social. Então, aqui, eles formam vínculos, eles fazem amizades, eles têm contato com outras pessoas, eles têm contato com barulho, com música, com som, com pessoas, com gritos. E isso é importante para o desenvolvimento dos nossos autistas. Muitos autistas não tiveram essa oportunidade no passado. E hoje os meninos estão crescendo já nesse tempo de tratamento”, afirmou.
Pais e filhos – O Centro Cultural de Mangabeira ficou lotado de crianças e adolescentes, numa tarde mais do que especial para o Josué, de 17 anos. O pai dele, Ciro dos Santos, agradeceu o cuidado da Prefeitura e olhar para a causa. “É maravilhoso a gente ter pessoas preocupadas, sensibilizadas, em trazer momentos como esse para a sociedade. E, para eles, é uma oportunidade a mais de trazê-los para perto de nós e das outras pessoas, porque muitas vezes, pelo dia a dia, a gente fica distante devido aos nossos afazeres”, agradeceu.
Reconhecimento – Esta semana o prefeito Cícero Lucena anunciou a implantação de bolsa-auxílio de R$ 800 para cuidadores sociais voluntários que atuam na Rede Municipal de Ensino de João Pessoa, viabilizando a inclusão de crianças autistas. O projeto de Lei será votado na próxima terça-feira (19), na Câmara Municipal de João Pessoa.
A Rede Municipal de Ensino de João Pessoa acolhe atualmente 2.952 crianças e jovens com necessidades especiais e outros 719 alunos de Centros Municipais Infantis, totalizando 3.662 estudantes que demandam a presença de cuidadores sociais voluntários.
Os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) representam quase metade da demanda, com 1.139 matriculados nas escolas e 581 nos Centros Municipais de Ensino Infantil (CMEIs), totalizando 1.720 crianças e jovens autistas. Esses alunos são acolhidos por 1.800 servidores vinculados ao Programa Cuidador Social e 96 professores, que fazem o acompanhamento educacional especializado.