Delação ou ‘papo reto’ de Marcola? O que se sabe sobre racha no PCC

A morte de Donizete Apolinário da Silva, 55, que aconteceu ontem, marca o início da guerra provocada pelo maior racha do PCC, segundo o MP-SP. O crime aconteceu na Vila Falchi.

Prata, como ele era conhecido, era aliado de Marcola e foi apontado pelo órgão público como chefe da célula FM — responsável pelo tráfico de drogas da facção. Na ação, a mulher dele, que está grávida, e a enteada de 10 anos, ficaram feridas.

O que é a crise no PCC
Racha veio a público no dia 15 de fevereiro, quando um salve (recado) circulou em grupos de WhatsApp de integrantes do PCC, comunicando a exclusão e o “decreto” (morte) de Roberto Soriano (Tiriça), Abel Pacheco de Andrade (Vida Loka) e Wanderson Nilton de Paula Lima (Andinho) da organização criminosa.

Motivo da exclusão seria traição. O comunicado diz que o motivo da exclusão dos três é traição, porque Marcola teria sido acusado pelo trio de ter chamado Tiriça de psicopata. A fala de Marcola foi gravada em junho de 2022, em uma conversa dele com um policial penal no banho de sol de um presídio federal.

Áudio de Marcola ajudou a condenar Tiriça. O áudio foi usado no júri que, em 25 de agosto, condenou Tiriça a mais 31 anos de prisão pelo assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo. A vítima trabalhava na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) e foi morta a tiros na vizinha cidade de Cascavel, em maio de 2017.

Delação ou papo reto? O comunicado de facção explica que a gravação foi analisada pela ‘Sintonia Final’ (SF) do PCC e concluiu que não houve delação de Marcola, mas, sim, “um papo reto de criminoso com a polícia”. Diz ainda que policiais penais gravaram a conversa para jogar os líderes do PCC uns contra os outros.

PCC agradeceu apoio a Marcola. O MP-SP teve acesso a outro recado assinado pela SF do PCC, agradecendo o apoio e a confiança de todos a Marcola e pedindo para que o comunicado fosse repassado aos integrantes da organização ligados ao setor da FM (tráfico de drogas). Nas ruas e no sistema prisional de São Paulo, onde o PCC nasceu e se expandiu, a versão que prevaleceu inocenta Marcola da acusação de delator.

Tiriça, Vida Loka e Andinho feriram estatuto do PCC. Na avaliação da SF, Tiriça, Vida Loka e Andinho foram considerados culpados porque infringiram os artigos 6 e 9 do estatuto do PCC, que proíbem a calúnia e a traição. O documento diz que o preço para os faccionados que desrespeitam essas regras é a morte. Todo estão presos na Penitenciária Federal de Brasília.

Outro lado: a reportagem não conseguiu contato com os advogados de Donizete Apolinário, nem de Marcola, Roberto Soriano, Abel Pacheco e Wanderson Lima, mas o espaço continua aberto para manifestações.

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