O senador Marcos do Val (Podemos), que acusou Jair Bolsonaro (PL) de articular um plano de golpe para se manter no poder após as eleições, mudou a versão da denúncia depois de conversar com os filhos do ex-presidente.

Ele recebeu, nesta quinta-feira (2), ligações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e do senador Flávio Bolsonaro (PL).

O que dizia a primeira versão?
O senador revelou que, após a derrota nas urnas, Bolsonaro fez parte de uma operação cujo objetivo era achar uma forma de dar um golpe para continuar no poder;

O plano teria partido de Bolsonaro e do deputado Daniel Silveira (PTB) em reunião em 9 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada;

O objetivo era se aproximar do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e assim captar algo comprometedor que pudesse impedir a posse de Lula (PT);

Do Val se negou a participar do plano.

“Eles me disseram: ‘Nós colocaríamos uma escuta em você e teria uma equipe para dar suporte. E você vai ter uma audiência com Alexandre de Moraes, e você conduz a conversa pra dizer que ele está ultrapassando as linhas da Constituição. E a gente impede o Lula de assumir, e Alexandre será preso’”, contou o senador em live nas redes sociais.

O que diz a segunda versão?
Agora, Do Val alega que a ideia não partiu de Bolsonaro, e sim de Daniel Silveira – que teria tentado manipular o ex-presidente. O plano teria sido apresentado na frente de Bolsonaro em reunião no Alvorada.

A nova declaração, coincidentemente, é similar a de Flávio, que disse hoje no Senado que tudo não passou de uma proposta de Silveira e que isso não configura crime.

“O que ficou claro para mim foi o Daniel achando uma forma de não ser preso de novo, porque toda hora ele descumpria as ordens do ministro (Moraes). Ficou muito claro que ele estava num movimento de manipular e ter o presidente (Bolsonaro) comprando a ideia dele”, afirmou Do Val em entrevista coletiva em seu gabinete no Senado.

Mudança de planos
Quando fez a revelação sobre os planos de golpe nas redes sociais, Do Val anunciou que pretendia renunciar ao mandato de senador.

Ele já mudou de ideia. Disse que Eduardo, Flávio e outros políticos com os quais conversou o convenceram a não abandonar o cargo.