Em meio à troca de farpas entre Padilha e Lira, Alckmin diz que poderes têm harmonia ‘agitada’


O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, afirmou que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário possuem uma harmonia “agitada”, avalia como positiva a relação entre os poderes e diz que o governo federal é do “diálogo”. A declaração foi dada nesta quarta-feira (17), após a conferência internacional ‘50 Anos da Relação Brasil-China’, em Brasília, e ocorre sob o contexto de troca de farpas entre membros da União e da Câmara dos Deputados.

Questionado se há harmonia entre os poderes, Alckmin respondeu positivamente. “Sempre tem, ela é agitada, mas tem. É uma agitação positiva, porque é fruto do diálogo, do debate, que a gente busca as melhores soluções”, disse. “O governo do presidente Lula é o governo do diálogo. Aliás, quero celebrar o bom trabalho em conjunto que foi a reforma tributária. Ninguém imaginava que, no primeiro ano de governo, você aprovar a reforma do significado que tem para a economia brasileira e, portanto, social que tem a reforma tributária. Fruto do diálogo. Ninguém precisa pensar igual, mas é importante trabalhar junto pelo Brasil”, argumentou.

Alckmin afirmou que aprendeu com o filósofo francês Montesquieu sobre a tripartição dos poderes. “São independentes, mas devem ser harmônicos. Então o Judiciário tem sua tarefa e responsabilidade, como guardião da Constituição brasileira, e, por consequência, da democracia. O Legislativo tem um papel extremamente importante na definição das leis, na discussão das prioridades do país. E o Executivo é o executor das tarefas em nível federal.”

O embate gira em torno, principalmente, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O titular rebateu as críticas feitas pelo parlamentar recentemente e afirmou que não “vai descer a esse nível” e que não guarda “nenhum tipo de rancor” contra o parlamentar. Dias antes, o alagoano havia dito que o integrante do primeiro escalão era seu “desafeto pessoal” e o chamou de “incompetente”.

“Sobre competência, eu deixo as palavras do presidente Lula que, no dia de ontem, falou sobre isso. Sobre o resto das palavras, eu não vou descer a esse nível. Eu sou filho de uma alagoana, arretada, que sempre disse: ‘Meu filho, se um não quer, dois não brigam’. Eu aprendi a fazer política com o presidente Lula, com civilidade. Eu vejo a relação do governo, do Executivo, com o Congresso Nacional, como uma dupla de sucesso que nós fizemos no ano passado. Queremos repetir esse sucesso. Não tenho nenhum tipo de rancor”, afirmou Padilha, em evento no Rio de Janeiro.

“Eu vou seguir com o meu trabalho, alimentando essa dupla de sucesso, governo e Congresso, alimentando esses resultados. Não vou desviar meu foco de forma nenhuma, e temos muito a fazer pelo país. Eu tenho alegria de ser ministro da articulação política pela segunda vez do governo do presidente Lula. Convivo diretamente com os parlamentares, e o que eu sinto ali é uma disposição de todos os líderes, da base e da oposição, que a gente se concentre na agenda do país”, completou.

Os políticos romperam as relações e não se falam desde o final do ano passado. Ao criticar Padilha, o presidente da Câmara dos Deputados acusou o ministro das Relações Institucionais de plantar informações falsas para tentar interferir no Legislativo. “É lamentável que integrantes do governo, interessados na estabilidade da relação harmônica entre os poderes, fiquem plantando essas mentiras, notícias falsas que incomodam o parlamento. E depois, quando o parlamento reage, acham ruim”, afirmou Lira.

O comentário foi em resposta a um questionamento sobre o resultado da manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), na noite de quarta-feira (10). O parlamentar é suspeito de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Para Lira, a votação apertada sobre o futuro de Brazão evidencia o desconforto do Legislativo com a interferência do Judiciário. Ele negou qualquer articulação para proteger possíveis criminosos. O placar foi de 277 votos a favor da manutenção da prisão de Chiquinho Brazão, 129 contra e 28 abstenções. Eram necessários 257 votos para manter o deputado preso.

Diante da troca de farpas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou o trabalho de Padilha. “É como um casamento, nos primeiros seis meses é tudo maravilhoso, não sabe os defeitos da companheira, porque a gente está se conhecendo. Mas aí chega um momento que começa a cobrar. Padilha está na fase da cobrança. É o tipo de ministério que a gente troca a cada seis meses, para que o novo faça novas promessas. Mas, só de teimosia, Padilha vai ficar muito tempo, porque não tem ninguém melhor preparado para lidar com a diversidade do Congresso. A gente deixa de ser unanimidade quando a gente começa a ter divergências, mas a vida é assim. Quero dizer do meu reconhecimento pelo trabalho que você faz, que é muito difícil”, declarou.

Alckmin assumiu a Presidência da República em função da viagem de Lula para Bogotá, na Colômbia. Na ocasião, o petista vai se encontrar nesta quarta-feira (17) com o presidente Gustavo Petro. Além de reuniões e da assinatura de acordos entre os dois países, o presidente brasileiro participa da abertura da 36ª Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo). Nesta edição do evento, o Brasil é convidado de honra

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