O secretário de Saúde do Estado, Geraldo Medeiros, disse no início da tarde desta sexta-feira (23), que é preciso uma reavaliação para saber se é necessário ou não o reinício da vacinação para os paraibanos que tiveram as doses trocadas, diante da dúvida se elas de fato adquiriram a imunidade adequada contra o coronavírus.
“Há necessidade de uma reavaliação por parte do corpo técnico da secretaria se vai haver necessidade de reinício da vacinação dessas pessoas ou não”, disse o secretário em entrevista à Arapuan .
Mas o secretário disse ainda, sobre a troca de vacinas contra Covid, que não existe trabalho comprovando que a troca acarrete diminuição da proteção ou cause algum malefício.
“Na nossa ótica as pessoas podem ficar tranquilas de que não haverá malefício para as mesmas”, disse o secretário.
Geraldo Medeiros Lembrou que alguns países, como o Reino Unido, a Alemanha e o Canadá, hoje, só estão utilizando uma segunda dose, para garantir que mais pessoas sejam imunizadas e a redução no número de mortes.
Ele informou também que a Gerência Executiva de Vigilância da Paraíba vai analisar caso a caso, para identificar as causas, para saber se houve erro de digitação ou erro humano na hora da aplicação das vacinas.
Ele disse também que a Secretaria de Saúde do Estado é responsável por receber e distribuir as doses, mas que a aplicação das vacinas é de responsabilidade de cada município.
Em nota, a Secretaria de Saúde disse que os municípios devem estar atentos às informações contidas no cartão de vacinação, bem como no momento de informação de dados para evitar que novos equívocos ocorram e que a Equipe de Imunização da SES realiza capacitação periódica com os agentes municipais de imunização a cada rotina de vacinação no estado da Paraíba.
Saiba mais
806 pessoas vacinadas contra a Covid-19 na Paraíba tomaram doses trocadas de vacina contra Covid. É o que apontam dados do Datasus, sistema de informações do Ministério da Saúde. A maior parte dos erros ocorreu durante a aplicação da primeira dose da vacina da Oxford e depois com a da Coronavac, com 780 casos. Outras 26 pessoas tomaram primeiro a primeira dose da Coronavac e depois a da Oxford.
No país, 16,5 mil pessoas vacinadas contra a Covid-19 têm registro de primeira dose da vacina da Coronavac e a segunda dose da Oxford/AstraZeneca ou vice-versa.
A maioria (14.791) começou a trajetória vacinal contra Covid-19 com a Oxford/AstraZeneca e recebeu uma segunda dose da Coronavac. Uma parte menor (1.735 pessoas) recebeu primeiro a Coronavac e depois a vacina de Oxford/AstraZeneca, segundo o sistema. A troca aconteceu em praticamente todo o país, com exceção do Acre e do Rio Grande do Norte.
No Brasil, essas são as duas únicas vacinas disponíveis contra Covid-19. O protocolo nacional estabelece que os vacinados de grupos prioritários devem receber o imunizante disponível no posto no dia da vacinação (sem possibilidade de escolha). Na segunda dose, porém, a determinação é que o fabricante seja mantido.
As informações foram tabuladas pela Folha no Datasus levando em conta todos os vacinados no país no primeiro mês da campanha vacinal (de 17 de janeiro a 17 de fevereiro) que retornaram para a segunda dose até 8 de abril. É um universo de 3,5 milhões de pessoas.
Ao todo, 16.526 pessoas foram afetadas no período analisado. Os dados mostram ainda que 7 em cada 10 trocas de fabricantes na vacina contra Covid-19 ocorreram em profissionais de saúde. Esse rastreamento é possível porque cada pessoa vacinada é registrada no Datasus com um código de identificação, no qual há informações sobre cada dose recebida, incluindo fabricante e número do lote.
Misturar dois fabricantes de uma mesma vacina é considerado um erro de imunização. “Quem tomou uma dose de um fabricante e outra dose de outro não tomou nenhuma dose completa da vacina”, afirma a imunologista Cristina Bonorino, professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e membro dos comitês científico e clínico da Sociedade Brasileira de Imunologia.
As vacinas não só têm intervalos diferentes —o da Coronavac é de até 28 dias, e o da vacina de Oxford/AstraZeneca é de três meses, segundo recomendação da Fiocruz —como tecnologias distintas.
A Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, usa o vírus inativado para levar à produção de antocorpos, a mesma estratégia usada para fabricar as vacinas contra a gripe.
Já a vacina de Oxford é do tipo vetor viral não replicante (no caso, um adenovírus de chimpanzé) capaz de infectar células humanas, mas que não forma novos vírus, impedindo que a infecção progrida. Não se sabe ainda se a aplicação de duas vacinas diferentes pode gerar efeitos colaterais distintos dos descritos nos testes de cada imunizante.