Índia demonstra boa vontade mas diz que não pode atender demanda do Brasil por vacina neste momento


O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, fez uma última tentativa em vão para tentar manter o cronograma estabelecido pelo governo federal para trazer 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford da Índia para o Brasil. Em contato telefônico com o chanceler indiano Subrahmanyam Jaishankar, Araújo ouviu que não seria possível atender à demanda brasileira neste momento.

Conforme o UOL apurou junto a fontes diplomáticas, Araújo e Jaishankar conversaram e o chanceler indiano deixou claro que há boa vontade em fornecer as doses produzidas pelo Serum Institute. No entanto, questões logísticas no momento impedem o país asiático de cumprir a previsão do governo brasileiro, que era de trazer o avião de volta da Índia com as doses a tempo de iniciar a vacinação contra a covid-19 na próxima quarta (20) ou quinta-feira (21).

O argumento principal é de que a Índia iniciará amanhã a sua própria campanha de vacinação contra a doença causada pelo novo coronavírus. O país conta com a vacina para imunizar sua população porque aprovou o seu uso emergencial no primeiro dia do ano.

Desta maneira, com a negativa da Índia em atender imediatamente o pedido do governo brasileiro, dificilmente será mantido o cronograma de decolagem na noite de hoje do avião da Azul responsável por trazer as doses. A aeronave, que já foi até adesivada especialmente para a missão, está desde ontem no Aeroporto dos Guararapes, no Recife, após sair de Campinas (SP), e tinha previsão de partir rumo à cidade indiana de Mumbai às 23h (de Brasília).

Há uma semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a enviar uma carta para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pedindo a antecipação “com urgência” do fornecimento dos 2 milhões de doses.

A intenção do governo indiano é de atender à demanda brasileira nos próximos dias, mas ainda não há previsão real para isso.

Sem o imunizante da AstraZeneca, mais conhecido como vacina de Oxford, só resta ao Ministério da Saúde contar com a CoronaVac para começar o quanto antes o plano nacional de vacinação. A vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac é a única com doses à disposição no Brasil.

Tanto a CoronaVac como a vacina de Oxford, que será produzida depois no Brasil pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), ainda aguardam o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para poderem ser aplicadas. A agência federal prometeu uma decisão sobre o pedido de uso emergencial dos dois imunizantes para domingo (17).

Bolsonaro prevê atraso

O próprio presidente da República admitiu hoje que o cronograma de transporte das vacinas terá que ser atrasado em “no máximo” três dias. Bolsonaro lembrou o início da vacinação na Índia e argumentou que o país indiano também tem “pressões políticas”.

“Foi tudo acertado para disponibilizar dois milhões de doses. Só que hoje, nesse exato momento, está começando a vacinação na Índia”, afirmou Bolsonaro em entrevista à TV Bandeirantes, antecipando em um dia a data real de início da imunização no país asiático.

“É um país com 1 bilhão [de habitantes]. Então, resolvesse aí atrasar um ou dois dias até que o povo comece a ser vacinado lá. Porque lá também tem as pressões políticas de um lado e de outro. Isso daí no meu entender, daqui a dois ou três dias no máximo, nosso avião vai partir e vai trazer esses dois milhões de vacinas para cá”, concluiu o presidente.

Bolsonaro ainda alegou que não há disponibilidade de vacinas contra a covid-19 no mercado, e demonstrou que pode apostar na CoronaVac para iniciar a vacinação no Brasil. “Não tem disponibilidade no mercado. Vamos procurar fazer como está muito bem sendo tratado pelo [ministro da Saúde Eduardo] Pazuello junto ao Butantan, nós fazermos nossa vacina aqui”, disse o presidente, lembrando que a CoronaVac já está sendo envasada e rotulada no Brasil.

UOL

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