BRASÍLIA (Reuters) – O Itamaraty demonstrou, ontem (13), em linguagem diplomática, o desagrado do governo Bolsonaro com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de convidar observadores da União Europeia para acompanhar as eleições deste ano.
“No que toca a eventual convite para missão da União Europeia, o Ministério das Relações Exteriores recorda não ser da tradição do Brasil ser avaliado por organização internacional da qual não faz parte. Note-se que a União Europeia, ao contrário da OEA e da OSCE, por exemplo, não envia missões eleitorais a seus próprios Estados-membros”, diz a nota distribuída pelo Itamaraty.
O convite à UE foi revelado pela Reuters na segunda-feira, confirmado pelo TSE, mas ainda não foi aceito pelos europeus. A previsão é de que uma missão viria em maio ao país para verificar essa possibilidade. Consultado, o Itamaraty havia alegado desconhecimento do fato.
De acordo com a nota desta quarta, o ministério tem tratado com o TSE da preparação para as eleições deste ano e teria iniciado contatos para que venham missões observadoras da Organização dos Estados Americanos (OEA) –que esteve no país em 2018 e 2020– da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), do Parlamento do Mercosul (Parlasur) e organismos especializados como o Carter Center e a União Interamericana de Organismos Eleitorais (Uniore).
Em meio a constantes ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro –que moderou o tom, mas voltou a falar de fraudes nas urnas eletrônicas e nesta quarta-feira chegou a dizer a pastores que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva só volta ao poder se houver fraude–, o TSE tem tentado, de todas as formas, garantir a confiabilidade do resultado.
Procurado, o TSE não comentou de imediato a nota do Itamaraty.
Por Lisandra Paraguassu