João Azevedo e demais governadores do NE condenam e se indignam com declaração pejorativa de Bolsonaro e criticam, em carta, a atitude discriminatória do dito cujo

O presidente Jair Bolsonaro atacou duramente o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), antes de uma coletiva de imprensa com jornalistas na manhã desta sexta-feira 19. “Desses governadores, de Paraíba… O pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara”, disse Bolsonaro ao ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, em áudio vazado. Pelo que se deduz, a intenção do presidente era se referir ao Nordeste quando usou o termo “Paraíba”. Há quem pense, contudo, que ele quis se referir ao governador João Azevedo, do PSB.

O áudio foi capturado por um dos microfones da mesa do café da manhã antes de começar o evento. Bolsonaro não percebeu que o que dizia estava sendo transmitido por vídeo.

Flávio Dino comentou a frase de Bolsonaro em suas redes sociais. “Independentemente de suas opiniões pessoais, o presidente da República não pode determinar perseguição contra um ente da Federação”, publicou Flávio Dino em seu Twitter. “Seja o Maranhão ou a Paraíba ou qualquer outro Estado. “Não tem que ter nada para esse cara” é uma orientação administrativa gravemente ilegal”, afirmou.

João Azevedo também comentou a declaração em seu perfil no Twitter:

Neste mesmo encontro com os jornalistas, o presidente disse que é mentira que pessoas passem fome no Brasil, além de ter atacado a jornalista Miriam Leitão, ao dizer que ela não chegara a ser torturada na época da ditadura.

RESPOSTA DOS GOVERNADORES

Em resposta, governadores do Nordeste divulgaram uma carta em que cobram explicações do presidente. Eles afirmaram ter recebido “com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional”. O comunicado conclui: “Aguardamos esclarecimentos por parte da presidência da República e reiteramos nossa defesa da Federação e da democracia”.

Os governadores do Maranhão e da Paraíba também se manifestaram nas redes sociais. “Como conheço a Constituição e as leis do Brasil, irei continuar a dialogar respeitosamente com as autoridades do governo federal e a colaborar administrativamente no que for possível. Eu respeito os princípios da legalidade e impessoalidade (artigo 37 da Constituição)”, disse Flávio Dino (PC do B), do Maranhão.

João Azevêdo (PSB), da Paraíba, disse condenar “qualquer postura que venha ferir os princípios básicos da unidade federativa e as relações institucionais deles decorrentes. A Paraíba e seu povo, assim como o Maranhão e os demais estados brasileiros, existem e precisam da atenção do governo federal independentemente das diferenças políticas existentes. Estaremos, neste sentido, sempre dispostos a manter as bases das relações institucionais junto aos entes federativos, vigilantes à garantia de tudo aquilo a que tem direito”.

A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou que não irá comentar.

Leia a íntegra da carta:

“Carta dos Governadores do Nordeste

19 de Julho de 2019

Nós governadores do Nordeste, em respeito à Constituição e à democracia, sempre buscamos manter produtiva relação institucional com o Governo Federal. Independentemente de normais diferenças políticas, o princípio federativo exige que os governos mantenham diálogo e convergências, a fim de que metas administrativas sejam concretizadas visando sempre melhorar a vida da população.

Recebemos com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional. Aguardamos esclarecimentos por parte da presidência da República e reiteramos nossa defesa da Federação e da democracia.”

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