O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, rebateu a postura do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, sobre a interferência das Forças Armadas nas eleições. Em uma série de postagens no Twitter, Barbosa comentou a fala de Nogueira dada durante uma audiência na Câmara dos Deputados, afirmando que as Forças Armadas estavam ‘quietinhas em seu canto’ e foram chamadas a colaborar. “Ora, general, as Forças Armadas devem permanecer quietinhas em seu canto, pois não há espaço para elas na direção do processo eleitoral brasileiro. Ponto”, publicou o ex-presidente do STF.
Barbosa elevou o tom das críticas, e disse que “insistir nessa agenda de pressão desabrida e cínica sobre a Justiça Eleitoral, em clara atitude de vassalagem em relação a Bolsonaro”, seria “sinalizar ao mundo que o Brasil caminha paulatinamente rumo a um golpe de Estado”.
A audiência ocorreu na Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados. Segundo o ministro da Defesa, as sugestões feitas pelas Forças Armadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm “espírito colaborativo”. A reunião teve também a participação dos comandantes da Marinha, Exército e Força Aérea.
— Não se está se está duvidando ou achando isso ou aquilo outro (sobre urnas), simplesmente com espírito colaborativo. Esse é o espírito da equipe das Forças Armadas para ajudar o Tribunal Superior Eleitoral. Isso eu disse em reuniões presenciais com o presidente e o vice-presidente (do TSE), ministro (Edson) Fachin e o ministro Alexandre de Moraes desde o início. Estamos sempre prontos, permanecemos colaborativos para a melhoria do processo — disse Nogueira.
O ministro da Defesa voltou a cobrar uma reunião entre técnicos das Forças Armadas e do TSE para discutir algumas das propostas para serem implementadas ainda neste ano, e relembrou que o convite do TSE para participar a Comissão de Transparências das Eleições (CTE).
Joaquim Barbosa conclui: “Um aspecto importantíssimo, que singulariza o Brasil no concerto das democracias, reside precisamente no seguinte: temos um ramo da Justiça, independente, concebido precisamente para subtrair o processo eleitoral ao controle dos políticos. E dos militares de casaca, claro.”