Miguel Lucena no Correio Braziliense: “Uma afronta à luta das mulheres”, diz delegado sobre feminicídio


O delegado da Coordenação de Repressão a Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), Miguel Lucena, divulgou uma nota em que repudia o feminicídio que vitimou Valderia da Silva Barbosa, colega de profissão que atuava na Delegacia da Mulher, em Ceilândia.

Lucena começa destacando que participou de alguns funerais de colegas que “tombaram no cumprimento do dever”, durante os 24 anos de profissão. “Mas o feminicídio de Valderia da Silva Barbosa, para além da perda de uma companheira de jornada, assassinada com 64 facadas, foi sentido como afronta à instituição Polícia Civil do Distrito Federal e à luta secular das mulheres”, revoltou-se o delegado.

O agente da Corf ressaltou que Valderia “tinha a missão de proteger e aconselhar as mulheres vítimas de violência”. “Ela sabia dos perigos que corria e pereceu, ao cair nas mesmas ciladas que as pessoas comuns caem”, lamentou o delegado. “Para completar a obra maligna e perversa, Leandro Peres Ferreira, o ex-marido, esfaqueou o rosto de Val, como a desfigurar todo o trabalho que ela e suas colegas faziam e fazem em defesa das mulheres”, acrescentou.

Para Lucena, com os golpes no rosto, o autor do feminicídio quis enviar uma mensagem a todas as defensoras dos direitos das mulheres, de que elas não são nada diante do “poder de um macho”.

“A chuva de pétalas, lançadas do helicóptero da instituição, marcou a despedida da companheira martirizada, como a representar as lágrimas dos que ficaram e a alertar para a consciência de que nenhuma mulher, nem mesmo policial, estará segura enquanto perdurarem o machismo, o sentimento de posse, a rudeza e os baixos instintos”, encerrou o delegado da Corf.

Protestos
O velório da policial civil Valderia da Silva Barbosa aconteceu nesta segunda-feira (14/8), no Templo Ecumênico nº 2, do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, das 14h às 16h. A cerimônia foi marcada por emoção e protestos.

Muitos participantes portavam cartazes com as mensagens, que também eram entoadas, “feminicídio não!” e “homens, parem de nos matar”. A vice-governadora do DF, Celina Leão (PP), o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, e a ex-primeira dama da República Michelle Bolsonaro estiveram presentes no cortejo.

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