Escritor estava com a saúde debilitada havia quatro meses e faleceu de causas naturais
Por O Globo — Rio de Janeiro – O jornalista e escritor Sebastião Nery morreu ontem, aos 92 anos. Deputado cassado pela ditadura militar em 1964, o pensador estava com a saúde debilitada havia quatro meses e faleceu de causas naturais. Viúvo, ele deixa três filhos.
A Assembleia Legislativa da Bahia decretou luto oficial de três dias.
Nascido em Jaguaquara (BA), Nery formou-se em direito pela Universidade Federal da Bahia e em filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais, estado onde iniciou a trajetória no jornalismo, na década de 1950.
Durante a carreira política, Nery foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1954, pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Minas Gerais, mas teve a candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral estadual, que alegou que Nery representava o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
O jornalista retornou à política em 1962 e exerceu o mandato de deputado estadual na Bahia pelo Movimento Trabalhista Renovador (MTR) por um ano até ser preso na data em que ocorreu o golpe militar no Brasil.
Apesar de ter recuperado os direitos políticos no ano seguinte, Nery não conseguiu retomar o mandato.
Em 1979, ele se uniu a Leonel Brizola na fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e foi secretário da executiva nacional da sigla. Ele foi eleito deputado federal três anos depois pelo Rio.
Nery foi expulso da legenda em 1985 por divergências com o então governador e filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sigla pela qual foi candidato a vice-prefeito do Rio no mesmo ano.
Como jornalista, Nery atuou em veículos como TV Globo, Folha de S.Paulo e TV Bandeirantes. Ele é autor de obras como “Sepulcro Caiado: O Verdadeiro Juraci”, “A História da Vitória: Porque Collor Ganhou” e “A Eleição da Reeleição”.