“Nova” Porto Alegre para 10 mil pessoas


Prefeitura da capital gaúcha planeja erguer estrutura na região do Porto Seco, com abrigos provisórios, comércio e escola. Barragens estão sendo monitoradas pela Defesa Civil para evitar agravamento ainda maior do desastre

A prefeitura de Porto Alegre estuda a construção de uma “cidade provisória” para abrigar cerca de 10 mil pessoas na região do Porto Seco, na Zona Norte da cidade. A “nova” capital gaúcha receberá os afetados pelas enchentes enquanto os bairros são reconstruídos. O projeto teria ajuda do governo federal e contaria com 5 mil construções provisórias, além de uma infraestrutura comercial e escola. A princípio, a segurança será realizada pelas Forças Armadas.

A região escolhida para a “nova” Porto Alegre é sede do Complexo Cultural de Porto Seco, onde estão instalados 10 galpões das escolas de samba da cidade. Segundo o projeto, essa estrutura receberia as construções provisórias onde os desabrigados ficariam. Procurada para detalhar o projeto, a prefeitura da capital gaúcha disse ao Correio que “o assunto ainda está sendo tratado internamente”.

No balanço de ontem na Defesa Civil, a tragédia deixou 149 mortos e 112 desaparecidos. São 538 mil desalojados e aproximadamente 79,4 mil pessoas estão em abrigos.

A população continua sofrendo com o vaivém das águas nos rios e bacias hidrográficas. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do estado (Sema-RS), o lago Guaíba chegou aos 5,23m — na segunda-feira a marca estava em 5,05m. Os últimos dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB) mostraram que cinco dos oito principais rios e lagos gaúchos estão acima da cota de inundação — inclusive o Guaíba e a Lagoa dos Patos (veja quadro abaixo).

O Guaíba recebe as águas dos rios Jacuí, Taquari, Sinos, Caí e Gravataí, e muitos deles permanecem acima da cota de inundação. O Jacuí — que corresponde a 84,6% da água do Guaíba — está na marca dos 14,25m, mais que o dobro da sua cota de inundação (7,5m). O rio banha Eldorado do Sul, que teve cerca de 80% da população afetada pela enchente.

O rio Sinos chegou a 6,67m, conforme medição feita na cidade de São Leopoldo — uma das mais afetadas pelas cheias, desabrigando mais de 100 mil pessoas.

A Lagoa dos Patos, que alcança Porto Alegre, chegou a 2,5m, mais de 100% acima da cota de inundação. As cidades que a circundam devem ser inundadas nos próximos dias, segundo o professor de ecologia da Universidade Federal de Rio Grande (UFRGS) Marcelo Dutra.

No caso do rio Uruguai, a medição feita no município de Uruguaiana, detectou o nível da água 3,75m acima da cota de inundação. Porém, a realizada em Garruchos mostrou que o rio estava 2,5m abaixo da cota.

Geadas
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu dois alertas de perigo de geada para o Rio Grande do Sul. Apesar de não incluir Porto Alegre no caminho da baixíssima temperatura, o aviso se aplica à Região Metropolitana da capital.

Segundo o Inmet, o sul da Lagoa dos Patos deve ter mínima de 4°C na manhã de hoje. Na Grande Porto Alegre e nos arredores do Guaíba, os termômetros devem marcar mínimas de 6°C a 7°C. A MetSul Meteorologia adverte que o tempo aberto e vento causarão maior resfriamento noturno.

Barragens
As barragens estão sendo monitoradas de perto para que um possível rompimento não aumente o drama da população afetada pelas inundações. Porém, de acordo com o governo do estado, duas estão na iminência da ruptura — a Salto, da Usina Hidrelétrica de Bugres, em São Francisco de Paula, e a Santa Lúcia, em Putinga.

A prefeitura de São Francisco de Paula, município banhado pelo rio Caí — que subiu 5m acima da cota de inundação nos últimos dias —, alertou a população para que evacue a região devido ao risco de desmoronamento sobretudo das moradias próximas à barragem. Outras seis estão em nível de alerta: 14 de Julho, em Cotiporã e Bento Gonçalves; Dona Francisca, em Nova Palma; Salto Forqueta, em São José do Herval-Putinga; Capané, em Cachoeira do Sul; São Miguel, em Bento Gonçalves; e Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra.

E parte da indenização paga pela mineradora Vale às vítimas da tragédia do rompimento da barragem de Brumadinho será direcionada ao Rio Grande do Sul. Ao todo serão destinados R$ 2,2 milhões. O repasse foi anunciado pela Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão (Avabrum).

A maior parte (R$ 2 milhões) será repartida entre o governo do Rio Grande do Sul e o Fundo de Reconstituição de Bens Lesados, gerido pelo Ministério Público Estadual. Os R$ 200 mil restantes serão doados para a Associação dos Familiares e Sobreviventes da Boate Kiss, em Santa Maria, que está arrecadando recursos para apoio às vítimas das chuvas. (Com Agência Estado)

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