Após as imagens de indígenas yanomamis desnutridos rodarem e chocarem o mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou ter alertado “em inúmeras ocasiões” o governo Jair Bolsonaro (PL) sobre a situação daquela comunidade.
“Manifestamos nossas preocupações específicas, em inúmeras ocasiões, junto a várias autoridades brasileiras”, afirmou o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos.
A declaração da ONU agrava ainda mais a situação de Bolsonaro e de sua ex-ministra de Direitos Humanos e agora senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF). Ambos são acusados de cometerem genocídio. Em manifestação pública, ela dividiu a responsabilidade sobre o cuidado com os indígenas com outras pastas e disse que “a desnutrição entre crianças indígenas é um dilema histórico”.
A ONU, no entanto, ressalta as consequências do garimpo ilegal – que avançou muito durante o último governo – na saúde indígena. “A mineração ilegal tem causado um grande impacto nessas populações, em particular nos territórios yanomami. (…) Em maio do ano passado, um representante do nosso Escritório participou da celebração do 30º aniversário da demarcação do território Yanomami e recebeu testemunho direto sobre a contaminação por mercúrio, a disseminação da malária e o agravamento da desnutrição causada pelas atividades comerciais”.
O Alto Comissariado cobrou “medidas concretas” e urgentes do governo brasileiro “para reavivar a adesão aos direitos humanos e ao Estado de direito, e acabar com a violência e a discriminação”. “O país precisa garantir a segurança dos povos indígenas, conter as atividades de mineração e enfrentar a impunidade que permeia os crimes das empresas privadas ilegais, bem como restabelecer o acesso aos direitos humanos econômicos, sociais e culturais. É prioritário retomar a demarcação das terras indígenas e garantir que os órgãos fiscalizadores sejam plenamente capazes de cumprir seus mandatos”.
A ONU também reconheceu os primeiros esforços do governo Lula (PT) para dar maior assistência aos indígenas, elogiando a criação do Ministério dos Povos Indígenas e as medidas imediatas da nova gestão no sentido de “combater o desmatamento ilegal e revogar as medidas que incentivam a mineração ilegal em terras indígenas protegidas”. “Nosso Escritório está pronto para colaborar e apoiar os esforços das novas autoridades para proteger os povos indígenas e fazer avançar a realização de seus direitos humanos”.