Meu amigo Chico Barbeiro anda magoado com os pais dele. Acha que deveria ter nascido agora e não na década de 50, quando tudo era mais difícil e a rapaziada só começava a conhecer mulher depois dos 20 anos.
-Hoje você nem precisa prometer aliança ou falar de amor. Basta chamar e pronto -, diz ele, achando ruim porque quem faz isso é a turma da vez, os mais novos, os nascidos um dia desses.
Chico é do tempo das gloriosas noturnas e solitárias. Comeu muita cabra e jumenta nos sítios de sua infância e, quando deitou a primeira vez com uma mulher, teve que aguentar as consequências de uma doença do mundo que quase lhe arranca os ovos.
Por isso casou logo e logo se encheu de filhos.
-Se fosse agora, não casava e comia todas – , fala com olhar de sonhador.
Se bem que ele mesmo reconhece que, por excesso de ofertas, não existe mais aquela tesão que deixava o cabra doido do juízo e com as partes doendo depois de um sarro demorado no oitão da igreja.
-Hoje os meninos se esfregam, se esfregam, chupam na língua da moça e quando se apartam ninguém vê o volume da garrafa de coca – cola querendo rasgar a costura da calça -, avalia ele.
E completa:
-Deve ser por isso que as moças estão trocando a banana pelo bombril.”