Passa de cem o número de mortos em Petrópolis; bombeiros mantêm buscas por vítimas


Pelo menos 105 pessoas morreram vítimas das chuvas mais intensas dos últimos 90 anos em Petrópolis, antiga cidade imperial, onde era travada uma corrida contra o tempo para encontrar eventuais sobreviventes debaixo da lama e dos escombros.

Até a manhã desta quinta-feira (17), 105 mortes foram confirmadas, informou a Defesa Civil do estado do Rio de Janeiro em seu último relatório. Vinte e quatro pessoas foram resgatadas com vida.

“O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro segue ininterruptamente, desde a tarde de terça-feira (15), as operações de busca e resgate por vítimas das fortes chuvas que atingiram o município de Petrópolis, na região serrana”, diz a nota.

“Os militares acessam todos os pontos seguros para as equipes. E, para isso, usam equipamentos como balão de iluminação, gerador, unidade rebocável de iluminação, refletores, headlamp e lanternas comuns. O protocolo exige, ainda, a presença de militares com apitos para casos de novos desmoronamentos.”

O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que 35 pessoas foram “registradas” como desaparecidas em seu serviço de localização, embora os bombeiros e outras autoridades encarregadas dos resgates não tenham confirmado um número oficial de desaparecidos.

Vídeos que viralizaram nas redes sociais mostram imagens chocantes de algumas vias de Petrópolis transformadas em rios, arrastando tudo pelo caminho com uma força descomunal.


As equipes de resgate trabalham para socorrer os afetados, muitos dos quais procuram, em desespero, familiares e amigos em um devastador, constataram jornalistas da AFP.

“Ninguém esperava, foi desesperador, muito triste. Tenho amigos que estão desaparecidos”, disse Elisabeth Pio Lourenço, de 32 anos, moradora do bairro de Alta da Serra, em ruínas.

“Não quero ver chuva nunca mais na minha vida”, exclamou outro morador, Jerônimo Leonardo, de 47 anos, que na terça-feira teve que sair às pressas de casa, que ficou relativamente preservada.

Cerca de 400 militares trabalham em tarefas de socorro, juntamente com equipes da Defesa Civil e dos bombeiros, com cães, escavadeiras, caminhões, botes e uma dezena de aeronaves.

Autoridades alertam para um risco muito alto de novos deslizamentos na região montanhosa do Rio, especialmente em Petrópolis, devido à previsão de mais chuvas nos próximos dias, que poderão provocar outras inundações.

Em visita à Rússia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) desejou que “Deus console os familiares” das vítimas da “catástrofe” em Petrópolis, durante coletiva de imprensa conjunta com seu anfitrião, Vladimir Putin, a quem agradeceu a solidariedade diante do ocorrido.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, garantiu que o presidente estará “no local” nesta sexta-feira (18).

“O acumulado de precipitação na cidade de Petrópolis é incomum”, destacou a meteorologista Estael Sias em nota no site da Metsul, assegurando que esse desastre “não foi o primeiro e não será o último dadas as características climáticas da região, o seu relevo e a densidade populacional”.

O Brasil tem sofrido com episódios de chuvas intensas nos últimos três meses, principalmente nos estados da Bahia e Minas Gerais, que deixaram dezenas de mortos e causaram danos a centenas de municípios.

Os cientistas argumentam que, devido às mudanças climáticas, os eventos naturais extremos se tornarão cada vez mais frequentes.

Em janeiro de 2011, mais de 900 pessoas morreram na região serrana do estado do Rio devido às fortes chuvas, que provocaram inundações e deslizamentos em uma vasta área, incluindo Petrópolis e as cidades vizinhas Nova Friburgo, Itaipava e Teresópolis.

Cidade histórica

Petrópolis, de cerca de 300 mil habitantes, é uma cidade turística por seu valor histórico, pela natureza no entorno e por ter um clima mais ameno em comparação com o litoral do Rio de Janeiro.

No passado, foi estância de veraneio da antiga Corte Imperial brasileira. Durante o século 18 e início do 19, foi um ponto crucial no caminho entre Rio e Minas Gerais, que encantou o imperador Pedro 1º pelo clima e pela paisagem.

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