Política de muro baixo

EDMILSON LUCENA

Corrupção, acordos escusos, mentiras deslavadas. Esta é a política que nós conhecemos. Um político acusa o outro, a mídia expõe os problemas de vários e o povo trabalhador, cada vez mais perdido, vai perdendo as esperanças e o interesse em política. Desanimado, chamam-no de palhaço por não se informar. Mas quem é o verdadeiro palhaço? Seria o povo, que vive em condições precárias, sem educação para saber o que está acontecendo, quem é honesto e quem não é? Ou seriam os políticos, que aparecem na televisão com um sorriso e um pedido: “Vote em mim, pois eu sou honesto, capacitado e represento as suas vontades”?

É como se dissessem:
– Caro cidadão, cara cidadã, adivinhe se eu digo a verdade! Eu sei, você não me conhece, mas terá que me julgar nestes poucos minutos a partir desta aparência maquiada, deste sorriso falso e deste discurso artificial. Não pode? Como não pode? Você não é vidente?

O que poderíamos esperar: que aquele que mal tem tempo para o lazer abrisse mão de seu descanso para aprender sobre política? Que culpa tem a mãe de família se não tem tempo de pesquisar as propostas de candidato por candidato e buscar entender quais serão os resultados se forem aplicadas? Como ela poderia saber que o jornal ou a revista que lê ou assiste todos os dias tem fortes tendências políticas que são, aliás, contrárias às suas verdadeiras necessidades? Esperaríamos, então, que todo santo habitante de nosso mundo conhecesse o mínimo sobre política e economia antes que pudesse votar “corretamente”?

Mas como isso poderia acontecer se aqueles que a sociedade ergue ao Palácio (que seriam teoricamente responsáveis por fornecer esta educação mínima necessária) não representam seus interesses, mas os interesses da burguesia? Oras, esta teria algum interesse em sua educação política?

Pobre povo que trabalha o dia todo para sustentar, não só a própria família, mas também a essa corja de políticos e burgueses mal-agradecidos! Se o político que, ontem, era do povo, dizia-se revolucionário, hoje aperta a mão dos conhecidamente corruptos em troca de alguns minutos de televisão, que raios de revolução foi essa? Oras, políticos fazendo acordos escusos para serem eleitos, isso já existia aos montes! Onde está a transparência, a honestidade, a verdadeira representatividade?

Cadê a democracia?

E o povo, se já estava perdido, quanto mais agora! Em vez de aproximar o povo da política, dão ainda maiores motivos para que este se afaste e confie ainda menos nos políticos! Se fazem acordos e concessões, se passam a perna no povo às abertas, o que farão quando estiverem no oculto? Se mentem para ele sem a menor vergonha na cara, como podem sequer ousar dizer que o representarão quando estiverem lá em cima, naquele palanque burguês? Ou devo dizer: palanquim?

Como a sociedade confiará em alguém que nem sequer é sincero quando se dirige a ela? Não podem nem mesmo respeitar àquela que os colocam lá em cima? Neste mar de insanidade e hipocrisia, onde estão os políticos que se negam a rebaixar seu próprio nível em troca de votos e a seguir jogando este jogo de cartas marcadas? Quem é que dará um basta nessa discussão sobre quem dentre os políticos é o “menos pior”?
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