PORQUE HOJE É SÁBADO

 

1 – Quem chamava Chico Pinto de amarrado, mão de vaca e “urêia de freira” agora vai ter que engolir a falação. O homem abriu dos peitos e levou o outro Chico, Ferreira, para tomar vinho no Sakamoto, um dos lugares mais chiques da cidade. E não foi vinho peba, como poderia pensar a massa de despeitados que vive a espalhar essas mentiras sobre o valente representante de Sousa e do vale de Itaporanga. Foi vinho bom, das estranjas, feito com uva poliglota e rolha que cheira igualzinho ao cheirinho do cu de mãe. E  carne mole, das caras, como tira-gosto!

Para os que não acreditam, as imagens para tirar dúvidas. Em dois planos.

 

 

2 – Esta semana João Pessoa ficou falada por causa da inauguração de um letreiro. No campo político sempre sobra espaço pra isso. Mas voltemos ao passado e falemos dos políticos que nos davam orgulho e nos divertiam.

Sobre João Agripino:

Com perfeição, o oficial de Gabinete Varandas Filho imitava a voz do governador. A semelhança era tão perfeita, que ele se divertia telefonando para os secretários, dando ordens,  e nenhum duvidava que estava falando com Agripino.

O único dos auxiliares que sabia da imitação era o secretário Maurício Camurça, da Agricultura. João Agripino precisou discutir alguns assuntos com ele e, como era urgente, chamou-o por telefone:

– Comigo não cola não, Varandas, vá tomar banho.

– Secretário, é o governador quem fala. Preciso discutir com o senhor, agora, as providências que determinei para distribuição de sementes com os sertanejos atingidos pela seca.

– Varandas, você está perfeito. Até mesmo um assunto desse você já sabe…

Depois de alguns minutos, o governador desistiu e desligou o telefone. Chamou o assessor para adverti-lo:

– Da próxima vez que eu usar o telefone e perguntarem se é você, dou um chute na sua bunda e o despacho pela varanda.

 

3 – Eu conheci Praxedes Pitanga. Já velhinho, mas altaneiro como sempre foi. Na Assembléia, no Vale do Piancó, ´por onde andou impôs sua autoridade e ai de quem o desrespeitasse.

Em 1938, quando Getúlio Vargas decidiu mudar o quadro geral dos municípios brasileiros, Praxedes era o prefeito de Misericórdia. Aproveitou para mudar o nome da cidade, achava que Itaporanga tinha mais sentido do que o outro.

Encontrou forte oposição, pois logo surgiu uma corrente conservadora. Praxedes ganhou e Misericórdia passou a ser Itaporanga, mas a oposição não terminava com a lei decidindo mudar a denominação da cidade. Os adversários de Pitanga passaram a fazer movimentação na cidade para que ninguém usasse o novo nome.

O prefeito então resolveu advertir seus amigos quanto a manobra dos opositores. Um deles, bastante fiel, seguiu a instrução dada. Um dia, no confessionário, o padre mandou que rezasse uma Salve Rainha:

– Salve Rainha, mãe de Itaporanga…

– Que é isso, filho? Deixe de heresia.

– É não, padre, se eu disser Itaporanga o doutô Praxedes não vai gostar.

 

4 – Falar em autoridade é falar de Ernani Sátyro. Quando governador, impôs respeito e ai de quem discutisse uma ordem sua. Só tinha uma fraqueza: o uísque. Gostava do bichim.

Durante sua administração, inauguração era motivo de festas e muita bebedeira. Em Cuité, o governador foi inaugurar o grupo escolar da cidade. Antes da solenidade, como era comum, houve um coquetel.

Ao meio-dia, depois de muito uísque, o intelectual da cidade, escolhido como orador para saudar Sátyro, iniciou seu discurso citando uma frase quilométrica de Ruy Barbosa. Ficou empolgado com os aplausos e resolveu dar um mergulho nos Lusiadas. Exaltado, começou a gaguejar para calar de repente.

– … ih, governador, esqueci tudo. Também não era pra menos. Depois de encher o rabo de cana, só podia dar nisso…

 

5 – Manoel Gaudêncio, além de deputado estadual por incontáveis mandatos, era e é médico. E dos bons. Sempre preciso nos diagnósticos, como da vez que foi procurado pelo jornalista Biu Ramos se queixando de alguns sintomas de úlcera e lhe pedindo a prescrição de algum medicamento, pois estava incomodado com uma constante azia.

Gaudêncio recomendou:

– Uisque, diariamente. Mas tem que ser Old Parr.

 

6 – O coronel Pedro Belmont, quando era chefe da Casa Militar do Governo Pedro Gondim, foi informado sobre solenidade de recepção no Palácio da Redenção. Era o governador do Lions que ia chegar.

Belmont não entendeu bem, e mandou que a Guarda de Honra fosse preparada, pois pensou que fosse um governador de Estado. Depois de prestadas as honras militares, foi que os membros da comitiva do Clube de Serviço, bastante surpresos, souberam do equívoco.

 

7 – Logo depois da revolução de 64, o governador Pedro Gondim estava no Palácio da Redenção, quando ouviu um carro de som anunciando a chegada do General Novilar. Pedro ficou entusiasmado e mandou chamar um oficial de Gabinete para fazer a recomendação:

– Providencie um jantar no Cabo Branco, pois farei uma homenagem ao general.

Ele não sabia que General Novilar era uma loja que estava sendo inaugurada na cidade.

 

8 – Eleito prefeito de Sousa, Zabilo Gadelha, tio de Paulo, de Doca, de Salomão, de Marcondes, de Buega e dos outros filhos de Zé Gadelha, no dia seguinte após a posse recebeu em casa um correligionário que tinha viajado 22 quilômetros a cavalo, apenas para parabenizá-lo.

Zabilo, temendo que a visita fosse pretexto para pedir dinheiro, no momento em que o eleitor estendeu-lhe a mão para parabeniza-lo, saiu-se com esta:

– É, fui eleito. Mas já soube de tudo: o senhor não votou em mim.

 

9 – Quando disputava eleições em Cajazeiras, o coronel José Leite costumava elogiar seus adversários. Não fazia oposição a nenhum deles, chegando a apoiá-los e exaltar suas qualidades. Nos comícios, era comum afirmar:

– Eu sou candidato, mas se vocês não quiserem votar em mim, não tem nenhum problema. Votem em Acácio, que é um rapaz muito bom e decente. Se este ainda não for da preferência de vocês, então ainda tem Raimundo Ferreira. Esse sim, também um bom administrador, bastante honesto. Só se nenhum deles satisfizer vocês, podem votar em mim.

 

10 – E Raimundo Afora, agora retratado em livro pelo Desembargador Leandro dos Santos, estava em um clube campinense, acompanhado por duas jovens. O diretor social veio reclamar, afirmando que se tratava de mulheres suspeitas.

– Suspeitas não. Elas são prostitutas. Suspeitas são as que estão aí”, afirmou Asfora.

 

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Edgar Guabiraba, Toinho Priquito de Ovelha, Zé Duarte, Zé de Biu, Zebedeu, Chico de Tozim, Chico de Nadir, Chico Alicate, Chico do Pandeiro, Chico César, Tota de Bananeiras, Buziga de Zidoro, Dil de Severino Almeida, Sales Gaudêncio, Sales Cordeiro, Sales de Espedito Barbeiro, Severino de Corina, Severino de Vitalina, Severino de Ada, Sebastião Gerbase, Tadeu Fonfon, Luciano Arroz, Emanuel Arruda e Carlos Pata Choca.

 

12 – No encerramento de sua campanha eleitoral, o médico Otacílio Jurema resolveu incluir o guarda noturno Esperança, velho admirador seu, entre os oradores. Fórmula perfeita para atingir a camada  popular. Bastante nervoso, pois nunca tinha subido num palanque para falar, Esperança foi breve:

– Povo de Cajazeiras, aqui estou para falar-vos-ei em uma noite sorolenta, com tantas estrelas e um sol candente. Mas tudo isso, tudo que há de estrela no céu, não tem importância. O que tenho  a dizer é que todos devem votar em Doutô Otacílio. Um médico bom, que dá remédio, injeção e a pica.

Site Footer

Sliding Sidebar

O Fuxiqueiro – Todos os direitos reservados.