1 – Vendo a agonia de alguns políticos da terrinha para chegar perto do ídolo e tirar um retrato ao seu lado para mostrar aos parentes e agregados, me lembrei de Gominho, o tribuno de Princesa que tinha um fraco por gerente de banco.
2 – Não podia chegar gerente de banco na cidade que ele ia logo pra perto dele, fazendo agrados e levando mimos com o intuito de conquista-lo.
3 – Até que chegou o gerente do Banco do Brasil, todo importante, todo orgulhoso, todo metido, que não lhe dispensou uma grama de atenção. Por mais que Gominho fizesse, recebia de volta somente indiferença, somente o nem te ligo.
4 – A coisa foi tão séria que numa farra,da qual participava o orgulhoso gerente, Gominho apelou para os conselhos do sábio Paulo Mariano, igualmente presente à farra:
– Oh Palo, o que a gente faz pra amaciá um coração gerenciá?
5 – Nas décadas de 70, 80, haviam os que se contentavam em carregar políticos na cacunda durante as passeatas. O mais famoso de todos foi e continua sendo Careca de Bayeux. Carregou sucessivamente todos os prefeitos da cidade, de Lourival Caetano a esse último que foi cassado e de cujo nome não lembro.
6 – Sem contar os que se sacrificavam, esqueciam até de comer para se dedicar de corpo e alma ao líder maior.
7 – Como fez Pedro de Lara. Em discurso nas Cinco Bocas, perto da meia noite de uma sexta-feira, ele revelou:
– Saí de casa de madrugada só com um ovo e já está amanhecendo o dia e eu continuo só com um ovo.
Uma voz no meio da multidão, curiosa, perguntou:
– Cadê o outro?
– Tá no priquito da tua mãe, fii de rapariga!
8 – Mas há os líderes da sofrença, feito Marcus Odilon. Num comício em Santa Rita, Marcus Odilon se preparava para falar quando um fã ardoroso subiu no caminhão e, agarrando as suas duas orelhas, exclamou apaixonado:
– Meu galeguinho dos zói azul!
Neno de Lero, seu lugar tenente, correu e afastou o intruso.
Odilon continuou a falação e assim que terminou, se sentiu de novo agarrado pelo fã:
– Falou bonito, meu galeguinho dos zói azul.
Tiraram o sujeito do palanque, levaram ele pra longe e Odilon, contrariado, correu para o carro, entrou, botou a chave na ignição e já ia dar partida quando duas mãos o seguraram por trás, enquanto uma boca o beijava na orelha e exclamava:
– Meu galeguinho dos zói azul!
Foi aí que, perdendo a esportiva, o eterno prefeito de Santa Rita clamou aos céus:
– Oh meu santo Expedito, por que todo mundo morre e eu não?
9 – Chefe político em Princesa Isabel, o deputado Antonio Nominando Diniz, de saudosa memória, foi despertado de madrugada por uma caravana de pessedistas. Tinham participado de um comício até tarde, onde a aguardente foi fartamente distribuída.
Um deles gritou, na porta de Nominando:
– Acorda, Princesa, para ouvir os clarins da vitória.
No mesmo dia, logo cedo, Diniz organizou uma comemoração em frente à sua casa. Em seu discurso, explicava o otimismo dos adversários:
– Essa noite, fui despertado por uma voz estertórica que dizia: – acorda, Princesa, para ouvir os clarins da vitória. Mas, senhores, não eram os clarins que anunciam o triunfo, e sim as excelências do produto de Vitória de Santo Antão, sumo dos canaviais e alma das garrafas: a aguardente Pitu.
10 – Toinho Cabral, participando de um comício em Campina Grande, procurava mostrar ao povo o amor que Severino Cabral, seu pai, tinha pela cidade.
– … meu pai, que nasceu em Umbuzeiro, abriu os olhos em Campina Grande.
Da multidão, surgiu o grito:
– É cachorro!
11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Cícero Lima, Wellington Fodinha Farias, Neno de Lero, Cardivando de Oliveira, Flávio Lúcio, Amanda Rodrigues, Albiege Fernandes, Cida Ramos, Gil do Detran, Regina Carneiro, Ari Martins, Kyara Ligia, Ligia Feliciano, Fernando Silva, Priscila Gomes, Gilson Cândido, Fernando Albuquerque, Ezequiel Lima e João da Verdura.
12 – Somente o radialista Jackson Bandeira conseguiu entrevistar os diplomatas norte-americanos que vieram a João Pessoa manter contatos com empresários locais. Foram feitas revelações importantes, como o financiamento para implantação do distrito industrial. Empolgado com o furo obtido, o repórter correu para a emissora onde trabalhava. Pouco antes de entrar no ar o programa, foi que ele notou: não havia colocado fita cassete no gravador.