1 – A campanha política mais animada na qual trabalhei foi a de Marcus Odilon em 85. Ele disputou a Prefeitura de João Pessoa com o então deputado federal Carneiro Arnaud e não ganhou por um triz. Marcus era apoiado pelo ex-governador Tarcisio Burity e Carneiro recebia o apoio do então governador Wilson Braga.
2 – Os dois sozinhos enfrentando a máquina azeitada do Governo. E de um Governo populista, bem-visto e bem quisto nas periferias de João Pessoa. Pois Marcus fez um calo de sangue, quase derrotou, com Burity, o poderoso esquema.
3 – No comitê de Imprensa de Marcus Odilon trabalhavam, além do Tião Bonitão que vos fala, os jornalistas Zé Euflávio, Edson Werber e outros cujos nomes não lembro agora. Éramos coordenados por Sindulfo Santiago, um guerreiro que nos dava liberdades plenas para redigir notícias e criar maldades.
4 – Antes eu havia trabalhado para o saudoso Antônio Nominando Diniz quando este disputou e ganhou a eleição para prefeito de Princesa, em 1968. Nessa época eu não era jornalista, jovem adolescente, prestava meus serviços como agitador de comícios e fabricante das bandeirinhas que as mocinhas em flor agitavam durante as passeatas.
5 – Melhor dizendo: Ia às capoeiras, cortava os galhos de marmeleiros, preparava-os e entregava às mulheres que a essa altura já tinham cortado os papéis que seriam transformados em bandeirolas para enfeitar passeatas, comícios e as portas das casas dos eleitores.
6 – Nominando derrotou os candidatos da família Pereira, Miguel Rodrigues e Joaquim Mariano. Foi nesse ano que entrei para o serviço público como almoxarife da Prefeitura de Princesa. No Governo de Chico Sobreira, que sucedeu ao de Nominando, fui promovido a secretário da Junta do Serviço Militar e dali me transferi para o Estado, em 1975, quando me tornei repórter de A União.
7 – Outra eleição na qual entreguei corpo, alma e coração foi a de Burity em 86. O ex-governador se candidatou novamente ao Governo com o apoio do raquítico MDB de Humberto Lucena. A equipe de imprensa era formada por Martinho Moreira Franco, Edmilson Lucena, Paulo Santos, Lelo Cavalcanti, Franto Júnior e o Bonitão aqui.
8 – Eu, Lelo e Franto fazíamos o trabalho de campo. Acompanhávamos o candidato pelo interior, engolindo poeira e se desmantelando com os catabios. Escrevíamos as matérias e as enviávamos para o comitê central por telex, quando havia telex. Ou então usávamos o motorista que nos transportava. Ele saía lá do interior com os textos e as fotos tiradas por Werneck Moreno, vinha à Capital, entregava o envelope e retornava.
9 – Vida boa era a da turma do comitê central, os chamados cabeças pensantes da campanha. Mas a equipe, tanto a parte que viajava quanto a que ficava em João Pessoa, era muito unida e foi em razão dessa união que demos um banho de cobertura.
10 – E Burity, como todos sabem, derrotou Braga, Marcondes Gadelha e o Governo do Estado, se elegendo governador com uma maioria histórica, 300 mil votos, um feito que jamais foi superado, sequer igualado.
11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Sebastião Gerbase, Tadeu Florêncio, Emanuel Arruda, Edmilson Lucena, Vavá da Luz, Luciano Arroz, Fernandinho Milanez, Aristávora Santos, Biu da Câmara, Genivaldo Fausto, Nélio Leite, Chico Pinto, Quinto de Santa Rita, Luciano Bernardo, Ariano Wanderley, Marcos Pires, Tony Show e Professor União.
12 – O prefeito Chico Franca despachava com o seu Chefe de Gabinete, Babá Teotônio, um monte de correspondências recebidas. Babá lhe entregava as cartas, Chico lia e as encaminhava. Acontece que, de vez em quando, Babá pegava uma carta e guardava em separado. Quando o volume estava bem acentuado, o prefeito quis saber do que se tratava. E, ao vê-las, notou que todas elas eram escritas em inglês. Proferiu, então, o seguinte despacho:
– Ao Chefe de Gabinete para responde-las.”
O tempo passou e nada de resposta. Num despacho posterior, o prefeito cobrou as respostas que havia determinado. E Babá explicou:
– O caso, prefeito, é que faz um tempão que paguei essa cadeira de inglês.