PORQUE HOJE É SÁBADO


1 – Eleições de antigamente eram mais animadas e mais nutridas. O eleitor votava de bucho cheio. Ainda me lembro dos bois que Seu Mano mandava matar para encher o bucho do eleitor. Carne de boi cozida com farofa de cebola branca, eita como era bom! O cabra comia de empanzinar. Depois, arrotando e peidando alto, se dirigia à cabine indevassável da seção eleitoral para depositar seu voto.

2 – Eu comi muita carne na casa do Véi Mano. Era uma carne gostosa, com sabor de quero mais. E a farofa entrava sem entalar. Não precisava de ajuda, de copo d`água ou de ki-suco. Entrava no seco. E o cabra repetia. Comia o que aguentava.

3 – Conta-se que Antônio da Várzea, emérito comedor, enfiou cinco pratos de farofa com carne e, ao entrar na suntuosa cabine de pano vermelho e porta com trinco, sentiu o rebuliço no bucho, as pontadas no vazio e, não se aguentando, abaixou-se e danou-se a demorar. O presidente da secção, preocupado, bateu na porta para saber se o eleitor estava vivo e ouviu, da voz espremida de Antônio da Várzea, o aviso:

– Tem genteee!

4 – E os comícios da campanha eleitoral, então, eram um show à parte. A começar pelo sanfoneiro contratado para animar a festa. O cabra tocava lá em cima e o eleitor, lá embaixo, emendava no pinicado do forró, todos devidamente abastecidos de cachaça e vinho de jurubeba Indiano.

5 – E tome discurso! E a fidelidade canina ao chefe! Gominho, uma das maiores lideranças do sertão de Princesa, grande amigo de Nominando Diniz, fez um discurso de saudação ao chefe logo após sua vitória para prefeito de Princesa e para demonstrar sua amizade estreita com o grande líder, revelou, ufanicamente:

– Para terminar, meus amigos, quero dizer que a minha amizade com Doutor Ontoim é igual aquela música que diz: “Aonde a vaca vai, o boi vai atrás”.

6 – Mas continuemos de política. Lembrei agora do discurso proferido pelo deputado Manoel Gonçalves, isso depois de três anos de absoluto silêncio no plenário da Assembleia Legislativa:

– Senhor Presidente, senhores deputados, minha cidade de Sousa está sendo mais uma vez castigada pelo flagelo da seca…”

Não continuou. Voltou para o começo e repetiu: “Minha cidade de Sousa está sendo mais uma vez castigada pela seca”. Somente depois da terceira tentativa é que, guardando o discurso no bolso, desabafou:

– Mas esse véi Antônio Nestor tem uma letra muito ruim!

7 – Numa reunião do PMDB em Sapé, comandada pelo senador Humberto Lucena, um ex-vereador de Mari discursava falando das dificuldades do povo do interior:

– Hoje, senador, o problema que mais afeta o nosso partido é a fome. Pro senhor ver, na minha terra a mulher de 50 anos já está com os peitos caídos.

Ronaldo Cunha Lima, que ouvia o discurso ao lado de Humberto, não se aguentou:

“Se a mulher aos cinquenta

Coitada, não mais sustenta

Os peitos que se consomem,

O homem nessa idade

Começa a sentir saudade

Do tempo em que era homem.”

8 – O presidente Figueiredo visitou a Paraíba debaixo de muita festa. Na hora de embarcar de volta para Brasília, o general chamou o governador à parte e pediu:

– Governador, quero que o senhor hospede, por uns 20 dias, o coronel da minha comitiva Piero Cobato, pois ele sofreu ontem um acidente de cama.

E diante do olhar espantado do governador:

– Uma das moças da recepção deu uma mordida na cabeça da rola dele, que a bicha ficou da grossura de uma mão de pilão.”

9 – Newton Rique, rico e poderoso, se candidatou a prefeito de Campina Grande na década de 60. Contra ele se candidatou Seu Severino Cabral, matutão, analfabeto e pobre.Veio a apuração do pleito e Seu Cabral, sozinho, deu de cambão em Rique.

Curiosos indagaram de Seu Cabral como é que ele, sem dinheiro, derrotou um banqueiro como Rique. Seu Cabral, singelamente, explicou:

– Meu filho, em toda campanha tem que aparecer um bêsta rico para gastar dinheiro e perder.”

10 – Quando ainda não havia o guia eleitoral, os candidatos faziam malabarismos para divulgar suas campanhas.

Como fez um sacristão de Princesa, candidato a vereador com o número 2110.

As filhas de Maria cantavam na procissão:

O meu coração

É só de jesus

A minha alegria

É a santa cruz.

O sacristão, dono de forte e bela voz, deu de garra do microfone do padre e entoou do altar, fazendo coro:

Jesus foi pregado

Nas mãos e nos pés

Pra vereador

Vinte-e-hum-dez.

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Ricardo Coutinho, Amanda Rodrigues, Albiege Fernandes, Paloma Gondim, Yure Simpson, Tenorio Carvalho, Pedro Manoel Macedo Marinho, Kleber Salgado Bandeira, Renato Menezes, Sérgio de Castro Pinto, Linaldo Guedes, Watteau Rodrigues, Fernando Teixeira, Johnsim Abrantes, Marcos Pires, Marcos Pinto de Morais e Iedo Ferreira.

12 – O juiz Manuel Casado, de Piancó, recebeu em seu gabinete um queixoso do Aguiar:

– Doutô Juiz, tem um cabra no Aguiar pintando miséria. Um tarado que não pode ver mulher! Não respeita mulher de ninguém. Até para a minha mãe o safado já se enxeriu.

– E na sua terra não tem homem não? – indagou o magistrado.

E o queixoso:

– Tem, doutô, mas ele não “apreceia”!

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