PORQUE HOJE É SÁBADO


1 – O papa Francisco botou pra torar em cima do lawfare. Em entrevista à TV Argentina, disse sem meias palavras que Lula foi condenado injustamente e que Dilma tem as mãos limpas. Olhem o que ele disse sobre o lawfare:

“O lawfare abre caminho nos meios de comunicação. Deve se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal o desqualifica e metem a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um sumário enorme, onde não se encontra a prova do delito, mas para condenar basta o tamanho desse sumário. “Onde está o crime aqui? Mas, sim, parece que sim… Então condenaram Lula.”

2 – Quando o entrevistador mencionou que Dilma foi cassada em 2016 por um ato administrativo menor, o líder religioso afirmou que a ex-mandatária “é uma mulher de mãos limpas, uma mulher excelente”. E ainda acunhou: “Às vezes, a fumaça do crime te leva ao fogo, outras vezes é uma fumaça que se perde porque não há fundamento”.

3 – Vejam o caso de Ricardo Coutinho, que tem semelhanças com o de Lula, com a diferença, destruíram o paraibano sem condená-lo sequer. Enlamearam seu nome com base em delações que a própria justiça não dá crédito, nunca provaram porra nenhuma contra ele, uma provinha sequer apareceu, o dinheiro que dizem ter sumido nunca deu as caras, e olhem que procuraram até debaixo do chão. E depois de quatro anos, tudo continua do mesmo jeito, só Ricardo se fudeu, perdeu a paz, perdeu eleições, perdeu o sossego.

4 – Tô gostando e não nego desse prefeito de Nova Palmeira. Alegre, de bem com a vida, brilhou em Brasília com a dança que vai de riba abaixo e de baixo arriba, voltou pra sua cidade, foi saudado com um paredão, dançou de novo e fez o povo feliz. Melhor do que os seus colegas sisudos, que só dançam nas alcovas.

5 – Quando começa a Semana Santa fico bisonho. Lembro dos meus primeiros tempos, dos tempos do sertão, do meu pai me levando à roça para pegar feijão verde e bredo para o almoço regado a peixe pescado nos velhos açudes de minha terra. Éramos simples, como simples foi o grande injustiçado da Semana Santa, o Jesus morto na cruz por ter cometido o crime de espalhar amor e se rebelar contra as injustiças.

6 – Era bom demais ver as beatas, com seus chales cobrindo a cabeça e as roupas brancas enfeitadas com aquelas fitas vermelhas de Filhas de Maria rumando para a igreja entoando os benditos, enquanto Dão Mandu, o sacristão, passava óleo na matraca que substituía o sino nas horas de dor e respeito pelo sofrimento do criador.

7 – E a procissão do Senhor Morto no momento mais doloroso da paixão, aquele em que Jesus é retirado da Cruz e enlevado pelo abraço da mãe, que lhe enxuga as chagas e não contém o pranto. E saía a procissão com o andor carregado pelas principais figuras da cidade, com o Jesus morto, de corpo inteiro, cena impressionante que calou lá dentro do espírito em formação do menino sertanejo.

8 – Depois vinha a alegria do Sábado de Aleluia. Começava com a matança do Judas traidor. Pedro Fogueteiro era o carrasco. Enchia o boneco de bombas e confeitos, pendurava ele num pau de agave e assim que o dia raiava, acendia o estopim e o boneco explodia. Era pedaço de boneco pra todos os lados e confeito voando sobre as cabeças da meninada.

9 – E terminava a festa com os forrós de ponta de rua, os bailes, que duravam a noite inteira e terminavam com o raiar do dia. Enquanto isso, nas pedras da Lagoa da Perdição, a perpetuação da espécie era garantida sob o olhar cumplice da lua.

10 – Um tempo que se foi com o feijão, o bredo, meu pai, o peixe dos açudes, o boneco de Pedro, o próprio Pedro, os forrós, as pedras da Lagoa, as espécies sendo perpetuadas em outros palcos, a meninice, a juventude, os sonhos desfeitos, os amigos transformados em saudade.

11 – Mas como a vida continua, lá vai abraço para Agnelo Muniz Fernandes, Lilia Muniz, Dão Mandu, Damião Antas, Sales Cordeiro, Antônio Laurindo Bezerra, Aldo Antas, Bezinho, Joca e Bosco Fernandes, Moab Leite Advincula, Mitonho de Mourão, Cabo Lira, Antônio e José Nominando, Marçal Lima Júnior, João de Mirô, Eduardo Abrantes, Zé Duarte, Aldo Lopes, Geraldo Rodrigues, Alexandre Maia, Wilma Lima, Eudésia Leandro, Tereza Carneiro, Diu Almeida, Justina Lopes, Nena Mandu, Maria e Monica Barros, Zé de Ada, Cícero, Richomer e Severino Barros, Italo e Bebé de Japonês, Damião de Zé de Quinca, Coimbra Maia, Dionisio de Vitalina, Zé de Louro, Zé de Biu, Chico de Nadir e Dedé de Genésio.

12 – Viciado em jogo, Manezim do Bicho, amigo de Chico Duarte, baiano de Juazeiro que mora em Brasília há séculos, contou ao parceiro que havia sonhado com um jegue lhe enrabando.

Querendo um palpite, indagou:

-Eu jogo o que?

Chico não pensou muito para sugerir: “Jogue o cu fora!”

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