PORQUE HOJE É SÁBADO


1 – Feriadão da Semana Santa serve para muitas reflexões e para muitos abusos também. Meu vizinho Anísio Raça, por exemplo, anda reclamando da cor da bosta. Depois de 22 garrafas de Carreteiro, ele diz que está cagando preto. E eu boto mais lenha na fogueira informando ao desesperado que a cor só volta ao normal depois do São João.

2 – Hoje, na reunião da Confraria do Cuscuz, no Zé Américo, o livro de chamada vai ser um pouco condescendente por causa das justificadas ausências. Mas no sábado que vem, quem faltar vai levar falta, sim senhor.

3 – A essa altura já devem ter explodido o Judas de Jaguaribe. Meu amigo 1berto de Almeida com certeza está por lá, na Praça dos Motoristas, fazendo a reportagem para mais tarde postar no seu boiga e, quem sabe, aqui no nosso. Vamos aguardar.

4 – Falar em Judas, o de Pedro Fogueteiro também deve ter virado pó, com seus confeitos e brindes. Sem Pedro, claro, que foi convocado para fazer foguetões no céu, mas Dió e Lourdes ficaram para representá-lo com honras e pompas.

5 – Quando eu era rapazinho novo lá em Princesa aproveitava o Sábado de Aleluia para fazer caridade nas moças cheirando a marmeleiro que desciam a serra para festejar a morte de Judas. Elas chegavam, paravam no açude para lavar os pés e caiam na farra.

6 – O forró de Luizinho Arapapaca começava logo depois dos ofícios religiosos e não tinha hora para terminar. Mané Tocador fazia o seu “samba” no beco de Severino Barbosa e, no Cruzeiro, Paulo Bocão soltava a voz cantando “eu tanto omilhei” para as quengas da Rua da Lapa.

7 – Estas, que entravam de férias no Domingo de Ramos, tiravam o cadeado dos chibius e ficavam a disposição dos carentes, que neles mergulhavam com fome de estiagem.

8 – Dentre elas, as mais famosas eram Lurdes Branca (minha comadre de fogueira) Toinha Baú, Pipoca, Lindalva, Pichuita, Eridan, Socorro Rouca, Expedita de Aderbal, Litinha, Bola, Rosa Caracaxá, as irmãs Palmira e Zulmira, Geralda, Lurdes Totô, Nena de Benedito, Duda, Tica, Zilda, Carminha, Tereza Peixe e Rita Quarto de Bode, esta última minha cunhada, xodó de Zé Birrim e que, nas ausências de Zé, me iniciou nos caminhos tortuosos e deliciosos da safadeza.

9 – Sem esquecer Estrela, a rapariga mais respeitosa e respeitada da região, a mulher que cozinhava a melhor buchada da cidade e que era chamada de Dona Estrela pelas damas da alta sociedade, que mandavam seus maridos ao cabaré comprar buchada e linguiça caseira para o almoço da família.

10 – O cabaré de Princesa acabou, faliu. Na entrada da Rua da Lapa abriram uma igreja de crente para lavar o pecado das raparigas,que igualmente se aposentaram. De pé ficaram os casebres, abandonados e sem qualquer relevância para os órgãos responsáveis pelo patrimônio público.

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para João Ford, Herbert Fitipaldi, Mário Gomes Filho, Diego Lima, Ramalho Leite, Ricardo Ramalho, Maguila de Bananeiras,Ramon Moreira, Delegado Kleber, Pedro Cirne, Ricardo Lucena, Venancio Medeiros, Otacílio Trajano,Bigu de Jacumã, Renato do Funcionários II, Tadeu Florencio, Luciano Arroz, Iury Mariano, Emmanuel Conserva, Marçal de Batista, Sebastião Gerbasi, Pedro Macedo Marinho, Neno de Lero, as filhas de Mirabô Lacerda, os filhos de Inocêncio, Abdias Abrantes, Zé Galego e Lurdinha de Orlando.

12 – Essa aqui me foi contada por Vavá da Luz, o “emborrachado”:

Doutor Clóvis Bezerra chegou na fazenda e recebeu o comunicado do vaqueiro:

– Doutor Clóvis, a sua vaca preta pariu uma bezerra feme.

– Oxente, homem, toda bezerra é feme”, avisou Doutor Clóvis.

E o vaqueiro:

– Nem sempre, Doutor Clovis. O senhor é Bezerra e é macho que só a porra.”

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