PORQUE HOJE É SÁBADO

1 – O advogado e jornalista Cícero Lima promete comprar todo o estoque de picado, hoje, no barraco do Dó, na Torre, para matar uma vontade que o persegue há meses: tirar o gosto da rainha, brejeira de Bananeiras, comendo a iguaria suína com farinha de mandioca. Mas ninguém pense que vai assistir a façanha. O picado e a rainha serão degustados da varanda de sua bela vivenda, restando à vizinhança sentir somente o cheiro do tempero.

2 – Vavá da Luz acaba de ser visitado pelo oficial de justiça que lhe comunica a chegada de mais um processo movido por quem se sente incomodado com as notícias do seu blog. “Hoje acabo de receber mais um processo orquestrado pela Faletti Advogados devidamente constituída por uma bela criatura chamada Flavia Martis (esse sobrenome não me é estranho) a respeito do uso indevido de imagens, matéria essa datada de 24 de fevereiro de 2018 intitulada “FLAVIA MARTIS NUMA ENTREVISTA SENSUAL”, um tesão de mulher e um orgasmo de entrevista que já tirei do ar, claro, baseado naquele princípio bíblico de que quem tem C tem M”.

3 – E continua Vavá: “Em verdade eu vos digo, esses acontecimentos proporcionam a mim um misto de alegria e de tristeza. A tristeza vem pelos transtornos processuais e a alegria vem por saber que esse bloguinho de merda tem um alcance indefecável”.

4 – Dá pena ver o que restou do Pavilhão do Chá, antigo pasto de tantas tertúlias etílicas e hoje abrigo de sem-teto, mulheres à cata de amor e desgarrados da sorte. Eu ainda alcancei o Pavilhão servindo lanches e sorvetes às famílias que passeavam pela praça Venâncio Neiva, isso no tempo em que se podia passear pela praça sem correr o risco de assalto. Por que não retornar esse tempo e dar ao Pavilhão a vida perdida?

5 – Hoje é dia de Livraria do Luiz. Chico Pinto vai estar lá com certeza, em papos literários com 1berto de Almeida, Hildeberto Barbosa, Antonio David e Luiz Gonzaga Rodrigues. Eu estava pensando em integrar o time, mas continuo de quarentena por causa daquela famosa intervenção cirúrgica nos ossos da coluna.

6 – E vamos começar a fuleragem, porque hoje é sábado e não se deve perder o dia especial com assuntos sérios demais. Ademais, tudo de mais é muito e tudo que é muito enche o saco. E nem todo mundo tem a sorte de Geordim, que é a de tirar férias para se dedicar em tempo integral aos forrós de Monteiro e adjacências. Entonce, como diz Vavá, a fuleragem começa a partir do sete e só termina no 12.

7 – A mocinha, tida e havida como donzela virgem, que nunca sequer segurou na mão de um homem, de repente sentiu-se mal, começou a suar frio, teve desmaio e tornou gemendo alto, dizendo que estava com uma dor “no apêndice”.

A mãe, preocupada como ela sabia que a dor era no apêndice e a filhinha inocente, apontando para o local onde doía, explicou:

– Eu sei porque está doendo no lado esquerdo de quem entra”.

8 – No tempo em que não existia aids nem motéis e os cabarés proliferavam, um dos mais famosos era o “Cachimbo Doce”, localizado na estrada de Cabedelo. Suas meninas viviam exclusivamente para os gringos que desembarcavam no porto, cheios de dólares.

Época de crise, sem navios, as mulheres sem um tostão. De repente, na entrada do “Cachimbo Doce” aparece aquele galegão vistoso, andando devagar, com uma mochila nas costas. O mulherio se assanhou e a mais assanhada de todas encostou no galego, interpelando-o:

– Do You folk you?

E o “gringo”:

– Que eu folko, folko, dona, só não tenho é dinheiro.

O “gringo” era um sarará avermelhado, fugido da seca dos Patos do Major Miguel.

9 – O advogado Johnson Abrantes entrou no restaurante do BNB, em Sousa, morrendo de sede. Sentou-se à mesa, sendo atendido pelo garçom Lauro, que se aproximou dele com um lado do corpo todo torto.

– Lauro, tens escoliose? -, perguntou Johnson, curioso.

– Tenho não, doutor Johnson. Aqui só temos o que tá no cardápio – , informou o garçom.

10 – Terezinha de Jesus, residente no Lastro, procurou o Dr. Pedro Abrantes para fazer um exame ginecológico.

Na hora da consulta, o médico perguntou quando Terezinha teve a última menstruação e ela, inocente e sem conhecer as datas da regra, respondeu:

– Doutor Pedro, a data mesmo eu não sei. Mas me lembro que foi no dia em que Dr. Valdemar queimou a sua “broca”.

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Mario Gomes Filho, Herbert Fitipaldi, Diego Lima, Samuka Duarte, Adelton Alves, Todynho, João Fernandes, Maurilio Batista, Jonas Batista, Zé Carlos Valaque, José Pinheiro, Sérgio de Andrade, Tony Show, Cardivando de Oliveira, Antonio Malvino, Djaci Mendonça, Gilson Souto Maior, Lenilson Guedes, Otacilio Trajano, Fernando Caldeira, Ruy Dantas, Levi Dantas, Ademar Nonato e Petronio Souto.

12 – Numa segunda-feira imprensada, em Barra de Santa Rosa, quando o guarda do Banco do Brasil ia fechando as portas no final do expediente, foi surpreendido com a chegada do vereador Orlandinho, todo esbaforido, pedindo urgente uma almofada para tirar a impressão digital de um defunto ainda quente que ele levou para receber a aposentadoria do INSS.

– Num vai dar trabaio nenhum, seu guarda. Já trouxe o homi com o braço pro lado de fora do carro e o dedo de molhar a tinta arrebitado – avisou.

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