PORQUE HOJE É SÁBADO


1 – A direita paraibana está mais parecida com o PT dos velhos tempos. É sopapo pra todo lado, ninguém se entende,ninguém se ama, cada um puxa a brasa para sua sardinha, em suma, está do jeito que eu gosto, porque eleição sem briga é como namoro sem beijo.

2 – A briga mais nova envolve o pastor Sérgio Queiroz e o senador Efraim Filho. Efraim assanhou o enxu com a sua entrevista radiofônica, na qual acusou o PL de deslealdade a partir da intervenção que resultou na retirada do apoio a Bruno Cunha Lima em Campina e o consequente lançamento da candidatura de Artur Bolinha. Vocês lembram.

3 – Ontem, no mesmo radiofônico, o pastor Sérgio rebateu Efraim, negou deslealdade, mas acunhou: Efraim quer o apoio do PL para Bruno em Campina, mas não dá o seu apoio ao PL em João Pessoa e em Cabedelo. E para arrematar, chamou o senador de guloso.

4 – Lá em Princesa ele seria chamado de “acanaiado”, que é a mesma coisa.

5 – O que estou achando engraçado nesse período eleitoral são as poses dos candidatos e apoiadores para as fotografias. Todos levantam os dedos, uns com o V da vitória, outros insinuando a numeração do partido, outros agarrados nos pescoços uns dos outros, uma beleuza de creuza, um negócio altamente mais ou menos.

6 – E os apoiadores, os que passam os quatro anos esquecidos e são levados ao píncaro da glória no período eleitoral? Esses têm orgasmos múltiplos, triplos e quádruplos, sentem-se importantes, esquecem as ingratidões, os “chega prá lá”, os “nem te ligo”, os “nunca te vi”, os “sai daqui abacaxi que tomei leite” e correm para os abraços, para os beijos, para as louvações, certos de que são as pessoas mais importantes da face da terra.

7 – Sem contar os carecas da vida, os que carregam o candidato na cacunda e ficam os quatros anos seguintes com aquele cheiro de ovo goro na nuca, no cangote, no toitiço, no cabelouro e não lavam o local para não retirar a essência, não apagar a lembrança de tempos felizes, não olvidar os momentos de glória.

8 – Certo está meu amigo Edson Vidigal Filho, que deixa todo mundo se matar nos comícios e passeatas e fica no seu quintal tomando banho de chuveiro, bebendo cana Jambu, lavando com Raike e tirando gosto com quibe cru.

9 – Eu falo desse povo, mas desse povo fiz parte. Claro, nunca carreguei macho na cacunda, aí seria demais, né! Mas lembro dos tempos de Princesa, das campanhas de Doutor Antônio, das quais fui locutor de palanque e animador de comícios.

10 – O último comício do qual participei foi um de Marcus Odilon no Ernesto Geisel. Odilon era candidato contra um candidato feioso, fora dos padrões de beleza. No palanque narrei um episódio. Ia com meu filho, menino novo, e avistamos o candidato feio abraçando os eleitores no meio da feira. A criança olhou o homem e disse “papai, lá vem o papa figo!”

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Heron Cid, Maurilio Batista, Land Seixas, Zé Euflávio, Carmelio Reinaldo, Rubens Nóbrega, José Amaro Pinheiro, Gonzaga Rodrigues, Chico Pinto, Josinaldo Malaquias, João Costa, Edmilson Pereira, Abelardinho Jurema, Hildeberto Barbosa, Joanildo Mendes, Alberto Arcela e Nonato Guedes.

12 – Na campanha para prefeito de Santa Rita Marcus Odilon, já cansado, se preparava para o último comício da noite, quando foi agarrado por trás pelo eleitor apaixonado, que fungando no seu cangote gritou : “Meu galeguim dos zói azul”. Odilon desvencilhou-se do inconveniente, foi para o outro lado da carroceria do caminhão, mas de repente lá estava o abraço e a saudação “meu galeguim dos zói azu”. Irritado, desceu do palanque e entrou no carro para ir embora. Mas qual não foi a surpresa ao sentir as duas orelhas agarradas pelo fã ardente, que as puxou pra trás, balançou e saudou: “meu galeguim dos zói azul!”

Desesperado, Marcus Odilon olhou pro céu e implorou:

– Ó Jesus, por que o senhor não me leva de uma vez?

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