1 – Prenderam o homem sem nenhum embasamento probatório, com base apenas no bafo, na conversa, no disse me disse. Pior, tentam a todo custo destruir sua reputação sem que conste nos autos qualquer papel, uma folhinha sequer, provando aquilo que se diz. E quem afirma isso não sou eu, é o advogado Rafael Carneiro, que, na busca de elaborar a defesa do seu constituinte, oficiou ao Tribunal de Justiça pedindo acesso aos documentos que o Ministério Público diz ter juntado a sua denúncia, e para seu espanto o TJ informou que no processo não havia documento nenhum anexado.
2 – Jogaram Ricardo Coutinho às feras com base apenas em delações. E delação não é prova, pelo menos assim entende o STJ e o STF. São, no máximo dos máximos, declarações ditadas por quem, pressionado psicologicamente, entrega até a mãe para se ver livre da cadeia.
3 – Os comedores de cuscuz Tadeu Florêncio, Luciano Arroz, Emanuel Arruda, Sebastião Gerbasi, Paulo Josafá e, possivelmente, Edmilson Lucena, estão reunidos neste exato momento na Feira da Torre devorando pratos e mais pratos dessa delícia sertaneja com bode guisado e rabada idem, ao derrame licoroso de sucos de cajá e café com leite servido em copo de vidro.
4 – Chegou fevereiro e lá vem o carnaval. Eu já fui um carnavalesco inveterado. Desde os tempos de Princesa que eu era. Lá na terrinha o chique era sairmos de careta, alguns fantasiados de mulher, depois vinham os bailes no Clube Recreativo e no Princesa Clube, frevos e sambas a noite inteira durante quatro dias. Começava no sábado de Zé Pereira e terminava na quarta-feira de cinzas.
5 – Já na Capital, ainda alcancei o corso que percorria as ruas do centro, com seus carros enfeitados e cheios de moças lindamente fantasiadas. Mas como tudo o que é bom se acaba, acabaram o corso e deixaram o povo entregue ao carnaval tradição dos desfiles de blocos, escolas de samba e tribos indígenas. Esse ainda sobrevive a duras penas, mas já não atrai tanta gente.
6 – Os bailes nos clubes eram o chique da época. Eu frequentava o Astréa de Doutor Mororó. Os bailes varavam as noites e na quarta-feira, dia derradeiro, os foliões saiam do Astréa dançando até a Lagoa. E pense num carnaval de respeito! Doutor Mororó não admitia acessos. De meia em meia hora percorria a área externa da piscina botando cabresto nos casais mais enxeridos.
7 – Não esquecer o carnaval do Cabo Branco, mais chique, mais elitizado, mais mertido a cu doce, mas não menos animado e volumoso. Só fui lá umas duas vezes.A paixão pelo Astréa não me permitia trocar de amor.
8 – Havia ainda festas em outros clubes como o Assex de Jaguaribe, o Internacional de Cruz das Armas e os de Bayeux, que eu percorri algumas vezes fazendo a cobertura para a antiga Rádio Arapuan ao lado do mestre Cardivando de Oliveira.
9 – Hoje, pasmem, João Pessoa não tem mais carnaval. Nem de rua, nem de clube. Inventaram umas prévias e mataram o carnaval propriamente dito. Uma semana antes dos festejos, desfilam pela avenida blocos que rendem fortunas a seus donos e reúnem multidões nas calçadas. E pronto, o resto é solidão, morreu Maria Preá.
10 – Salvam-se Jacumã e Lucena com seus carnavais animados . Menos mal. Pior seria se pior fosse.
11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Diego Lima, Herbert Fitipaldi, Mário Gomes Filho, Messias Fernandes, Frutuoso Chaves, Agnaldo Almeida, Solon Benevides, Odon Bezerra, Buziga de Maria de Zidoro, Eilzo Matos, Antonio Maximiano Roberto, Sidney Oliveira, Sales Cordeiro, Zé Adaino, Maria de Ontoim Negão e Zélia de Ciço Boião.
12 – O Promotor de Justiça chama sua primeira testemunha, uma velhinha de idade bem avançada. Para começar a construir uma linha de argumentação, o Promotor pergunta para a velhinha: – Dona Genoveva, a senhora me conhece, sabe quem eu sou e o que faço? Responde a Testemunha: – Claro que eu o conheço, Carlinhos! Eu o conheci bebê. E, francamente,você me decepcionou. Você mente, você trai sua mulher, você manipula as pessoas, você espalha boatos e adora fofocas. Você acha que é influente e respeitado na cidade, quando na realidade você é apenas um coitado. Ah, se eu o conheço! Claro que conheço! O Promotor fica petrificado, incapaz de acreditar no que está ouvindo. Ele fica mudo,olhando para o juiz e para os jurados. Sem saber o que fazer, aponta para o advogado de defesa e pergunta à velhinha: – E o advogado de defesa,a senhora o conhece? – A velhinha responde imediatamente. – O Robertinho? É claro que eu o conheço! Desde criancinha. Eu cuidava dele para a Marina, a mãe dele. E ele também me decepcionou. É preguiçoso,puritano, alcoólatra e sempre quer dar lição de moral nos outros sem ter nenhuma para ele. Ele não tem nenhum amigo e ainda conseguiu perder quase todos os processos em que atuou. Neste momento, o juiz pede que a senhora fique em silêncio,chama o Promotor e o Advogado perto dele, se debruça na bancada e fala baixinho aos dois. – Se um de vocês perguntar a esta velha filha da pu*a se ela me conhece, vai sair dessa sala preso!Fui claro? |