1 – Cartaxo não é o único pecador nessa história de brigar com o vice. A história política recente e antiga do Estado aponta apenas dois que não brigaram com seus substitutos imediatos: Ivan Bichara e Tarcisio Burity. Ivan passou o Governo a Dorgival Terceiro Neto tranquilamente, sem traumas. Disputou o Senado e perdeu, mas não por culpa de Dorgival. A história política conta que Ivan perdeu por ter sido traído por companheiros de partido, que preferiram votar em Humberto Lucena. Naquele pleito, até Bosco Barreto que disputou tomando cachaça teve mais votos do que Ivan.
2 – Tarcisio Burity governou o Estado depois de Ivan e Dorgival. Seu vice foi Clóvis Bezerra, que também se tornou governador em substituição ao titular que se descompatibilizou para disputar um mandato de deputado federal. Clóvis, claro, votou nele. Clóvis e quase o Estado inteiro. Tanto isso é verdade que ele foi eleito com a maior votação dada, até então, a um deputado federal.
3 – Começou com Wilson Braga esse negócio de vice brigar com o titular do mandato e vice-versa. Eleito governador com Zé Carlos da Silva Júnior como vice, Braga o convenceu, dias antes de sair para disputar o Senado, a renunciar para ser o seu candidato a governador. Zé Carlos foi na onda, renunciou, a Assembléia elegeu Milton Cabral como governador tampão e Zé Carlos ficou sem o mandato de vice, sem poder assumir o cargo de governador e sem ser candidato a nada, já que o escolhido para enfrentar Burity em 86 foi Marcondes Gadelha.
4 – Quando Burity se elegeu governador depois de Braga,não teve vice. O seu companheiro de chapa, Raymundo Asfora, se suicidou (ou o suicidaram) dias antes da posse. Burity governou sem vice, passou quatro anos ameaçado pelo presidente da Assembléia e por deputados que o traíam a mando do PMDB e findou o mandato de forma melancólica, devendo quatro meses de salários aos funcionários públicos. Mesmo assim fez obras em todos os municípios do Estado.
5 – Eu disse lá no começo que os únicos governadores que não brigaram com os vices foram Ivan Bichara e Tarcisio Burity, mas errei. Ronaldo Cunha Lima viveu em plena lua de mel com o seu vice, Cícero Lucena. Era uma lua de mel tão grande que ele passava as atribuições administrativas para Cícero e cuidava do social. Uma amizade que perdurou até depois do governo, até depois da morte do poeta anos mais tarde.
6 – Vem o caso de Maranhão. Escolhido a dedo por Mariz para ser o seu vice-governador, Zé Maranhão praticamente governou no lugar dele. Doente, com o câncer consumindo seu pulmão, Mariz morreu seis meses após a posse e Zé foi ungido ao cargo, dando conta do recado diga-se de passagem. Tanto deu que se reelegeu e, anos mais tarde, assumiu o governo de novo ao derrubar Cássio via Justiça Eleitoral.
7 – Aí tivemos um caso de vice que não se entendeu com o titular. Luciano Cartaxo era um simples vereador. Por indicação de Ricardo Coutinho, figurou na chapa de Maranhão como vice e como vice assumiu após a queda de Cássio. Passou os quase dois anos chupando o dedo. Maranhão dizia que ele era muito mole.
8 – Depois de Maranhão veio Ricardo Coutinho com Romulo Gouveia na vice. Foi então que aconteceu um caso inédito: a traição do vice ao titular. Romulo traiu Ricardo na undécima hora. Chegou a anunciar que ficaria com o governador, então candidato à reeleição, mas no dia seguinte anunciava o apoio a Cássio Cunha Lima, que terminou derrotado por Ricardo nas eleições de 2014.
9 – De modo que essa briga que ainda não existe, apenas se anuncia, entre Cartaxo e Manoel Júnior não se constitui novidade. Nem pra Cartaxo, nem pra Júnior, que como vices amargaram a indiferença dos seus titulares em vezes anteriores, Cartaxo com Zé Maranhão no Governo do Estado e Júnior com o próprio Ricardo na Prefeitura, muito embora nesse último caso exista o registro do apoio do coletivo ricardista à eleição de júnior a deputado federal.
10 – Na eleição deste ano, Manoel Júnior contava com o apoio de Cartaxo ao seu sonho de se tornar prefeito, mas Cartaxo, com aquele jeito dele de dizer desdizendo, já avisou que Júnior, na eleição passada, votou em Maranhão e não em Lucélio, seu irmão. E disse mais: só apóia um candidato saído das fileiras do Partido Verde.
11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Gibram Motta, Ricardo Moreira, Geraldo Sobreira, Gilson Kumamoto, Paulo Josafá, Marco Antonio Gouveia de Morais, André Cananéia, Zé Carlos dos Anjos, José Nunes, Frutuoso Chaves, Agnaldo Almeida, Alarico Correia Neto, Alisson Filgueiras, Paloma Gondim, Fábio Bernardo, Marcos Werick, João Tomé Camurça, Martinho Moreira Franco e José Pereira Neto.
12 – Aconselhado a fazer acompanhamento com uma psicóloga para diminuir a tristeza com o fim do casamento, meu amigo Duri Duri participava da primeira sessão quando a profissional, uma morena linda, de olhos verdes e corpo desenhado a mão, lhe perguntou:
– O senhor pretende se casar de novo?
– Depende, doutora.
– Depende de que?
– Se for uma mulher séria, trabalhadora e bonita qui nem a senhora…