PORQUE HOJE É SÁBADO

1 – Dona Lúcia merecia um enterro grande, enorme, cheio de gente, de rua cheia, como foram os enterros de Ruy Carneiro, de Burity, de Mariz e de Ronaldo Cunha Lima. O seu povo, que a amava, tinha o direito de segurar no seu caixão e chorar a partida de sua mãezinha. Tempo cruel este que impede até mesmo a despedida a quem tanto bem fez ao povo humilde de sua terra.

2 – Hoje tem churrasco em Brasília. Churrasco para os amigos do peito do aniversariante que por acaso é o presidento Jair Bolsonaro. Ele falou que convidaria 43 pessoas, mas há boatos circulando dando conta do aumento do número, só pra provocar os que são contra os ajuntamentos de pessoas em tempos de Coronavírus. Que carne vão assar? Claro que picanha. Picanha com cerveja, com uísque e com vinho fino reserva antiga porque o cartão corporativo só compra do bom e do melhor.

3 – Daria um doce para ver esse vídeo da reunião ministerial finalmente entregue ao ministro Celso de Melo. Ouvi dizer que só faltou sair dedada, mas o resto saiu, de fela da puta pra baixo foi tudo canela. E o mais chamador de nome, segundo se comenta, foi aquele ministro de nome estrangeiro e cara  de, digamos assim, comedor de fruta pão com bofe.

4 – Mais um sábado de portas trancadas com medo do malassombro. E acredito que outros sábados virão com o mesmo tinhoso brechando pelo buraco da fechadura, querendo entrar e bolinar no pulmão da gente. O cuscuz com bode vai ter que continuar esperando.

5 – Não sei se vocês notaram, mas omiti da notícia sobre a morte de Lúcia Braga a palavra “suspeita de Covid 19”. É que recebi recados de pessoas sugerindo a alteração, porque Dona Lúcia havia morrido de infecção urinária, segundo o laudo médico. Pois bem, agora vem o resultado do  exame dando tanto ela quanto o marido Wilson Braga positivos para Coronavírus. Acho uma bobagem esconder esse tipo de coisa. Esse tipo de preconceito não leva a nada. Fica a dica.

6 – Aliás, o Covid 19 tem se revelado um vírus que não distingue classe social. Já matou ricos e pobres. Já atingiu até o primeiro ministro da Inglaterra. E pode ter atingido outras figuras por aqui também. Estou só esperando o exame oficial do comedor de churrasco pra conferir.

7 – Ricardo Coutinho telefonou para familiares da ex-deputada Lúcia Braga manifestando solidariedade na dor que estão sentindo pela partida da chamada mãe dos pobres da Paraíba.

8 – Sikera Júnior apareceu em foto bastante debilitado. Embora esteja se recuperando bem segundo a assessoria, na foto ele tá só o caco.

9 – E amanhã as mães que morreram ficarão livres das visitas dos filhos que só lembram delas no Dia das Mães. Que fiquem em casa mesmo, sem levar flores e velas para as covas que passam o ano inteiro desprezadas e esquecidas nos chamados campos santos.

10 – Meu amigo Zebedeu manda avisar que a feira de Solânea está um caos. Tem gente se batendo, sem máscara e sem proteção, um verdadeiro campo de disseminação do Covid 19.

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Sales Ferreira, Manoel Raposo, Josinato Gomes, Antonio Malvino, Janduy Mendonça, Maurílio Batista, Tony Show, Maurílio Javary, Toinho Vicente, 1berto de Almeida, Poliana Lima, Quinto de Santa Rita, Gadelha da PGE, Arnaldo da Farmácia e João de Mirô.

12 – Esta é da lavra de Miguezim meu irmão:

Terra de corno

Miguel Lucena*

O delegado Antenor estava cansado de ser enviado aqui para as cercanias do DF para prender bandidos que aterrorizavam o Paranoá e fugiam para sua terra natal. Ele gostava mesmo quando a missão era da Bahia para lá, como aquela de Salvador em que a PCDF mobilizou grande aparato para capturar o caseiro que matou Maria Cláudia.

Além de ajudar a prender o bandido na orla de Salvador – “uma das mais belas do mundo”, como insistia em dizer -, ele ficou maravilhado com os acarajés da Cira e da Dinha e o Beco do França, no Rio Vermelho, com a Travessa do Bolinha, na Vitória, com a carne de fumeiro do Bar do Chico, na Clemente Mariani, Barra, e o caldo de lambreta do Mercado Modelo.

– A gente tenta, mas não consegue se embebedar em Salvador, com tanta comida vitaminada – dizia Antenor, de volta ao batente, comendo um rabo de tatu no Bar do Sitônio, no Paranoá.

Houve uma grande operação para prender “cartõezeiros” – clonadores de cartões – em todo o país, a partir de um esquema enraizado no Paranoá. A delegada-chefe escalou um delegado para São Paulo, outro para o Paraná, um terceiro para o Rio Grande do Norte, um quarto para o Ceará e Antenor para Alvorada do Norte, em Goiás, na fronteira com a Bahia.

Injuriado, ele tomou umas cachaças de infusão, bateu uma foto no coreto da praça da cidade e publicou em um grupo de email, porque na época não havia Facebook, com a legenda: “Terra de corno!”.

Nunca mais viajou, até se aposentar.

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