1 – Já notaram como as campanhas políticas perderam a graça? Estão insossas, sem sabor, sem tempero. Não há mais tapa, bofete e roleta, tampouco vemos os candidatos transportados nos cangotes dos eleitores mais abnegados. Agora é tudo através das redes sociais, sem suor, sem cheiro, sem fungado. A culpa, sei, é do covid, mas mesmo quando o covid era um ilustre desconhecido, essas atrações eleitorais já estavam sepultadas.
2 – Como esquecer os grandes discursos, como aquele de Marçal de Sulina na Rua do Cruzeiro em Princesa?
-Me pediram uma feira e eu pei, dei.
-Se me pedirem de novo, eu pei, dou.
-E se amanhã, depois de eleito, me for pedido outra vez, eu pei, darei.
3 – E o nosso Pedro de Lara de Mandacaru, o grande e inimitável Pedro de Lara, no apoteótico comício de Antonio Mariz em 82:
-Sai de casa pela manhã só com um ovo. E continuo, agora de noite, só com um ovo.
– Cadê o outro? -, gritou o eleitor.
-Tá no cu da mãe, fi de rapariga!”, devolveu o nosso indômito e eterno vereador.
4 – Havia o ansiado boi da eleição. O matuto comia feijão puro os quatro anos, mas no dia da eleição tirava o atraso. Os candidatos matavam bois, que eram cozidos em panelões enormes e servidos aos pedaços com farofa. Antonio Belo comeu tanta carne que na hora de votar sentiu as tripas roncarem. Ali mesmo na cabine eleitoral se acocorou e mandou ver. E haja demorar. O presidente da sessão foi verificar o motivo do atraso e quando tentou abrir a portinhola da cabine, escutou a voz sumida de Antonio Belo avisar:
– Tem gente…”
5 – Quando Antonio Mariz disputou a Prefeitura de Sousa, em 62, dona Cremeilda Abrantes, esposa de João Gonçalves, o homenageou com uma música de campanha. Os amigos do candidato se cotizaram e mandaram gravar a música, em compacto, distribuindo cópias nos bares e casas onde havia radiolas, bem como nos serviços de som da cidade.
Arsênio Abrantes, que morava no Lastro e tinha uma vitrola, ganhou um disco e ao chegar em casa botou para tocar dia e noite. A música dizia assim:
“Mariz é uma esperança
Mariz é a realidade
Mariz é a certeza
Do progresso e da grandeza da cidade.
Como tocou muito, terminou a certa altura a agulha enganchando e ficando apenas no “Mariz é… Mariz é…”
Arsênio, desconfiado, ordenou para a mulher:
– Leve as crianças para o quarto porque a porra dessa radiola está querendo dizer um nome feio.”
6 – O deputado Chico Pereira estava em palanque, um dia, quando surpreendeu a assessoria de campanha com uma afirmação inusitada:
– Aqui em Pombal eu e Paulo Pereira formamos um trio…”
O estudante Vicente Cassimiro, pressuroso, soprou, corrigindo:
-É dupla, Seu Chico. Trio são três”.
Respondeu o deputado:
– Que besteira! Trem não anda em trio e não é dois?”
7 – Em 2004, o popular Zeca Boca de Bacia candidatou-se a vereador e, ao encontrar Ronaldo Cunha Lima, anunciou:
– Poeta, sou candidato a vereador e quero contar com o senhor.”
– Pois não, Zeca, o que é que tá faltando? – indagou Ronaldo.
E Zeca:
– Eu quero o seu apoio, poeta!”
Ronaldo entregou a bengala que usava para caminhar, avisando:
– Tá aqui o meu apoio, Zeca! Vá em frente!
8 – Na campanha eleitoral de 72, Padre Levi realizou uma passeata de jumentos que repercutiu pelo país inteiro, por conta da cobertura da imprensa.
Ia na frente, comandando a passeata, usando uma batina preta, quando alguém gritou:
– Burra preta!
Levantando o braço direito, respondeu:
– Está entre as pernas da mãe, filho da puta!
9 – Frei Marcelino candidatou-se a prefeito de Catolé do Rocha e criou uma musiquinha que dizia assim: “Frei Marcelino é do povo/ e no meio do povo/ é o seu lugar.”
Os eleitores cantavam a modinha, mas o pessoal dos Maia, criativo que só, passou a responder a música com esse refrão: “Frei Marcelino é do povo/ mas só tem um ovo/ e vamos arrancar.”
10 – O deputado Soares Madruga ouvia demoradamente os prognósticos dos seus colegas sobre as eleições campinenses. Um jornalista perguntou quem, na sua opinião, ganharia em Campina Grande. Madruga olhou para o grupo, composto pelos candidatos Enivaldo Ribeiro, Juraci Palhano e Orlando Almeida, e respondeu:
– Quem tiver mais voto.”
11 – E agora os meus abraços sabadais para José Carlos Carneiro, Reverendo Souza, Fernando Valaque, Teócrito Leal, Zé Luiz Júnior, João Fernandes da Silva, Pedro Freire, Nilo Feitosa Ventura, Zé Adaino, Cícero, Richomer e Severino Barros, Toinho do Sopão, Jackson Bandeira, Galdino de Guarabira, Sales Fernandes, Zé Alan Abrantes e Ulisses Barbosa.
12 – E o nosso insuperável Gominho, para encerrar as deste sábado:
Num comício em Jericó, perto de Princesa, Gominho confessou toda a sua falta de vaidade:
– Eu poderia tá na minha casa a essa hora, cumeno feijão feijão de arranca do novinho, tirado da baje. Mas, em vez disso, eu vim praqui cumê o furado de vocês.”