Presidente da FIESP diz a ministros de Bolsonaro que divulgação de manifesto está suspensa

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, avisou a ministros do governo Bolsonaro que suspendeu a divulgação do manifesto “A praça é dos Três Poderes”.

A divulgação estava prevista para esta terça-feira (31), e o documento faria críticas à crise institucional entre os poderes Executivo e Judiciário.

O motivo da suspensão foi a reação do próprio governo, que ameaçou retirar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal dos associados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Skaf ligou para ministros comunicando a suspensão e buscando informar que a intenção, com a elaboração do manifesto, era fazer um alerta para os chefes dos três poderes sobre a necessidade de se dialogar e focar em pautas de interesse do país.

O presidente da Fiesp disse aos assessores de Bolsonaro que o objetivo não era mandar um recado só para o Executivo, mas também para Judiciário e Legislativo.

No início da tarde desta segunda, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que defender a democracia é “muito bom”.

“A informação que eu tenho é que havia um manifesto de defesa da democracia, e aí não haveria problema nenhum, e que alguém na Febraban teria mudado isso para, em vez de ser uma defesa da democracia, ser um ataque ao governo. A própria Fiesp disse que não iria fazer o manifesto, que está até suspenso por causa disso. Não estão chegando a um acordo”, declarou.

Avaliação no governo

Dentro do governo, porém, a avaliação é outra. Segundo assessores presidenciais, uma das versões do manifesto trazia recados claros na direção do presidente Jair Bolsonaro, com a participação principalmente de membros da Febraban. Essa versão, porém, foi alterada e o documento final buscava distribuir responsabilidades entre todos os poderes.

A informação chegou ao Palácio do Planalto por intermédio do presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Ele sugeriu que a Caixa e o Banco do Brasil deixassem a entidade se o manifesto fosse divulgado com a assinatura da Febraban.

Segundo ele, não faz sentido dois bancos públicos participarem de uma entidade que criticaria publicamente o governo. A ideia foi acatada por Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem os dois bancos públicos são subordinados.

A ameaça do governo não agradou empresários. Para eles, é mais uma demonstração de como o governo Bolsonaro não aceita críticas e acaba retaliando os que se colocam em campo diferente do Palácio do Planalto.

Como a reação tanto no governo como no empresariado cresceu, Skaf, que articulou a publicação do manifesto que já tinha a adesão de mais de 300 entidades, decidiu suspender a publicação do documento.https://a70b0a258ae351f180ced890a9960a6c.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Skaf é um aliado do presidente Bolsonaro, mas estaria mandando sinais de insatisfação com o Palácio do Planalto. Agora, busca adiar o manifesto para tentar evitar um confronto com o governo federal.

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