O ex-governador Ricardo Coutinho concedeu entrevista ao PBAgora e falou sobre a Operação Calvário, ‘Vaza Jato’ e sua relação com o governador João Azevêdo. Ele disse que não tem interferência administrativa na gestão estadual de João, mas reconheceu que foi consultado em momentos de crise política.
Segundo o PBAgora, a entrevista com Ricardo Coutinho, que está sendo publicada em partes, durou mais de duras horas e foi a mais longa que ele concedeu desde que deixou o Governo do Estado, em 31 de dezembro de 2018. Ricardo foi questionado pelos jornalistas Wellington Farias e Eloise Elane, na última quarta-feira (24).
Sobre a Operação Calvário e a Lava Jato, Ricardo apontou semelhanças e questionou: “Taí a Vaza Jato. Que negócio é esse? Eu escolho o criminoso para depois eu ir atrás do crime? Eu vejo gente acusada e exposta, que não tem dinheiro para fazer feira. Não tem dinheiro para pagar advogado. Como é que alguém participa de um amplo esquema de corrupção e não tem dinheiro para fazer feira? Tem algo errado no meio disso.”
Sobre João Azevêdo e o Governo da Paraíba, Ricardo negou interferir administrativamente. “Administrativamente, eu nunca fui consultado sobre absolutamente nada. Politicamente, sim, mas em algumas crises. Nas vezes em que fui demandado, tentei contribuir. Mas demandado sempre em crises, não em projeções nem programas.”
Ao comentar sobre suposto rompimento com João Azevêdo, o ex-governador disse: “Só discuto política pública. A política eu discuto, porque sei o trabalho que deu tirar a Paraíba daquela situação de antes, para poder chegar a essa outra situação, de indiscutível reconhecimento nacional”.
Ricardo Coutinho disse ainda que sempre acreditou que o projeto do PSB daria certo e que apenas sentiu-se pressionado em alguns momentos. Ele comentou que um exemplo dessa pressão foi a implantação da Escola Integral, que causou revolta em alguns professores que trabalhavam em diferentes escolas e que tiveram que se dedicar em horário integral ao trabalho na rede estadual.
Ele também falou sobre erros e relatou que cometeu muitos. Ele confessou que queria ter melhorado o gerenciamento do setor público. Como exemplo, ele citou a indignação com a grande fila para retirada de documentos. Ele lamentou ter implantado de forma que considera tardia a formação educacional dentro do sistema socioeducativo e lamentou as mortes no Lar do Garoto, em Lagoa Seca. Nesse episódio, ele apontou que agentes socioeducativos que estavam com encerramento de contrato fizeram algo do tipo “colocar os galos para brigar” ao misturar os internos.
Sobre o diálogo com os setores da sociedade, Ricardo Coutinho considerou que não conseguiu dialogar em alguns momentos.