O presidente Jair Bolsonaro voltou a participar de um ato popular, realizado neste domingo (3/5) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no qual manifestantes criticaram o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e também o ex-ministro Sergio Moro.
“Tô na rampa , dentro da minha casa, a casa do povo”, disse Bolsonaro em live transmitida por sua conta no Facebook, da rampa do Palácio do Planalto, enquanto milhares de manifestantes — muitos deles sem máscaras e sem respeitar o distanciamento social — se aglomeravam diante do local, gritando “mito” e palavras de ordem contra o o STF e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
“É uma manifestação espontânea, em defesa da democracia, para governar sem interferência para trabalhar pelo futuro do Brasil. (…) Não vamos admitir mais interferências”, prosseguiu Bolsonaro, sem máscara, de mãos dadas com a filha Laura.
Bolsonaro não se aproximou da maior parte da aglomeração, mas chamou uma família para cumprimentá-lo na rampa do Planalto.
“Sabemos do vírus, muitos serão infectados e perderão suas vidas, infelizmente. Mas não podemos deixar que o efeito colateral seja mais danoso que o vírus”, disse Bolsonaro na live. “Muitos querem voltar ao trabalho, essa destruição de empregos irresponsável por alguns governadores é inadmissível.” Alguns minutos depois, ele agregou que “temos o povo ao nosso lado e as Forças Armadas ao lado do povo”.
Pela live, é possível ouvir alguém dizendo “expulsaram os repórteres da Globo”, ao que Bolsonaro responde: “a Globo, eles vieram aqui pegar um ou outro para falar besteira”.
Em reportagem, o jornal Estadão informou que sua equipe de profissionais de cobria a manifestação foi agredida verbalmente, com chutes e empurrões e precisou ser escoltada pela Polícia Militar.
Em 19 de abril, Bolsonaro havia participado de manifestação semelhante à deste domingo, em que os participantes pediam o golpe militar e o fechamento do STF e do Congresso Nacional. Além disso, defendiam o AI-5, o ato institucional que endureceu a ditadura e autorizou uma série de medidas de exceção, permitindo o fechamento do Congresso, a cassação de mandatos parlamentares, intervenções do governo federal nos Estados, prisões até então consideradas ilegais e suspensão dos direitos políticos dos cidadãos sem necessidade de justificativa.
O ato motivou um pedido de investigação ao STF, por parte da Procuradoria-Geral da República. O pedido foi acatado pelo ministro Alexandre de Moraes e está em andamento.