Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, nesta 2ª feira (1º.jul.2019), o ex-governador Sérgio Cabral disse que intermediou caixa 2 para as campanhas do ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM-RJ, que na época era do MDB-RJ).
Os valores teriam sido pagos pelo empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur, atualmente foragido da Justiça.
Cabral pediu para ser novamente interrogado com o objetivo de dar mais detalhes e elementos aos autos sobre a operação Unfair Play, que investiga irregularidades na campanha vitoriosa para o Brasil sediar os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
Segundo o ex-governador, Arthur Soares contribuiu com R$ 6 milhões em caixa 2 para a campanha do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, em troca de ganhar uma licitação para oferecer serviços no Centro de Operações Rio. O ex-prefeito nega ter recebido doações irregulares.
“Em 2008 eu consegui convencê-lo [Arthur] a ser o maior doador da campanha de Eduardo Paes. Ele deu cerca de R$ 6 milhões, até mais do que pra mim, na campanha do Eduardo. Houve depois 1 certo ruído entre ele e o Eduardo, porque ele reclamou que o Eduardo não o atendia com contratos. Acabou sendo atendido na área da saúde e também na área do centro de controle da prefeitura, o centro de operações, aí ele ganhou a concorrência. Foi endereçada para ele, para contemplar pela ajuda dele na campanha eleitoral”, disse em depoimento.
Cabral disse que Paes, em sua 1ª campanha à prefeitura, detinha percentuais muito baixos de intenção de votos e que seria necessário injetar dinheiro na campanha para viabilizá-lo eleitoralmente.
Sobre Lindbergh, a doação em caixa 2 teria sido feita em 2010, quando o petista foi candidato ao Senado.
“Eu precisava de recursos para o candidato ao Senado Lindbergh Farias. Então, ele acabou dando muita ajuda ao Lindbergh Farias. Deu uma ajuda significativa ao Lindbergh. Mais de R$ 5 milhões”, disse Cabral.
Na próxima 5ª feira (4.jul.2019), Cabral prestará 1 novo depoimento. Segundo já adiantou, falará especificamente sobre o processo, sobre o qual recaem suspeitas de favorecimentos a comitês olímpicos para votarem no Rio como sede.
O outro lado
O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes disse, em nota, que todas as doações feitas para as campanhas dele sempre foram realizadas de forma voluntária e espontânea.
“As doações foram declaradas e devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral. Aliás, o próprio Sr. Sérgio Cabral já admitiu, perante o juiz Marcelo Bretas, que Eduardo Paes não fazia parte da sua organização”, diz a nota.
O empresário Arthur Soares disse que, no momento oportuno, vai esclarecer os fatos.