Sobre a grampolândia

MIGUEL LUCENA*

Há uma confusão generalizada sobre uso de telefones e grampeamento de sistemas criptografados ou não.

Digo, sem medo, após 24 anos de atividade policial, como Delegado de Polícia do Distrito Federal, que a maior parte das conversas de bastidores sobre a grampolândia tem muito de lenda e boatos.

Há várias formas de se ouvir conversa alheia. Uma delas é por telefone, e só ocorre de dentro da operadora de telefonia ou à moda antiga, quando havia telefones fixos. Não se grampeia chamadas de vídeo, salvo se um dos interlocutores estiver gravando.

A outra é com uma mala operacional. A mala, a uma certa distância, capta a conversa do ambiente, não a que se dá pela linha telefônica. Portanto, somente um dos interlocutores é gravado. Existe outro tipo de mala que capta as mensagens de email ou mantidas por rede wifi. Basta encostar um carro com o aparelho a certa distância da base do alvo.

No mais, o que a Polícia capta vem das escutas ambientais ou das mensagens que ficam gravadas nos telefones das pessoas que sofrem busca e apreensão.

Não percam tempo jogando chips fora, porque a Polícia segue a rota dos aparelhos.

E, por fim, é só não falar o que não deve ao telefone.

*Delegado aposentado da PCDF, advogado e jornalista

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